Sequência Didática: Preconceito Racial

 

                A LEI 10.639/06 E A REFLEXÃO SOBRE O PRECONCEITO RACIAL

Autores: Anailze de Jesus Andrade

Danilo de Melo Mercado

Êliezer Santana Júnior

Ingrid Aquino Araújo

Jessica Lima dos Santos

José Aélio Santos

Terezinha Alves de Oliveira Andrade.

MODALIDADE DE ENSINO: Ensino médio

COMPONENTE CURRICULAR: Língua Portuguesa/Redação/Literatura

TEMA: A lei 10.639/03 e a reflexão sobre o preconceito racial.

DURAÇÃO DAS ATIVIDADES: Aproximadamente 9 aulas de 50 minutos.

ESTRATÉGIAS E RECURSOS DE AULA: Datashow, quadro, cartolina, folhas A4, sala de vídeo, notebook.

Plano de aula 1:

► Apresentação do vídeo Xadrez das Cores, disponível no link <https://www.youtube.com/watch?v=NavkKM7w-cc>.

► Após a visualização do vídeo, os bolsistas devem lançar perguntas para incitar o debate bem como instigar e analisar as primeiras inferências dos alunos com relação ao tema tratado no vídeo.

► Diante disso, os bolsistas devem abordar e explicar os motivos dos quais os levaram à sala de aula trabalhando com a temática da inserção do negro no meio social, preconceito, racismo e estereotipagens no geral. Assim, os bolsistas explicarão o que é a lei 10.639/03 bem como os trâmites emergentes que suscitaram o decreto de tal lei.

► Continuar e encerrar a aula com os debates que envolvem os termos “racismo”, “preconceito”, “estereótipos”.

Plano de aula 2:

Trabalhando a historicidade do negro no Brasil: conversa entre poemas.

► Primeiramente, os bolsistas deverão apresentar imagens sobre o período escravocrata que, normalmente, são vistos em livros de histórias, no intuito de instigá-los ao debate sobre aquele regime social. Desta maneira, mais uma vez, os bolsistas poderão avaliar quais os conhecimentos prévios e de mundo que os alunos tem acerca desta temática.

► Em seguida, propomos a leitura do poema Se ela faz eu desfaço, do poeta Elé Semog na intenção de desmitificar alguns pontos acerca da Abolição da Escravatura. Segue o poema:

            Se ela faz eu desfaço

               A treze de maio

                Fica decretado

                Luto oficial na

                Comunidade negra.

                E serão vistos

               Com maus olhos

               Aqueles que comemorarem,

               Festivamente,

               Esse treze inútil. E fica o lembrete:

               Liberdade se toma

               Não se recebe

               Dignidade se adquire

               Não se concede. (Semog, 1979)  

► A partir da leitura do poema, primeiramente silenciosa e individual e depois em voz alta e coletivamente, os bolsistas deverão suscitar ao debate comentando e analisando o poema junto aos alunos.

 Plano de aula 3:

► Nesta aula, os bolsistas darão continuidade com os trabalhos fundamentados nas poesias socialistas de Elé Semog. Portanto, a 3ª aula se iniciará com a leitura do poema Íntimo dado (a senha). Cópias do poema serão distribuídos entre a turma e os bolsistas solicitarão que os alunos o leiam em silêncio e procurem buscar os pontos mais importantes que, fundamentados na temática que se trabalha no projeto e refletindo sobre as aulas anteriores, considerem mais importantes.

ÍNTIMO DADO (A SENHA)

Cada vez que gritam: pobre!

me assusto. Recuo ao canto

mais perto do rés do chão.

Negro, fico sem cor.

Fúria, fico sem fala.

Pois sei que as balas dos patrões,

que as balas dos políticos, da polícia

correm atrás de mim sem-terra

correm atrás de mim sem-teto

correm atrás das minhas razões,

por esses labirintos finitos

enredados de justiça e democracia,

só para eu sair nos jornais,

morto na foto, sangue vazando pelos ouvidos.

Toda vez que eles gritam: pobre!

é a tortura, é o estampido, é a vala.

É a nossa dor que tranquiliza os ricos.

Alô rapaziada… tem de antenar o dia:

o vento que venta lá, venta cá 

► Em seguida, faz-se a leitura do poema em voz. Assim, encerrada a leitura, os bolsistas deverão incitar ao debate. Segue algumas perguntas a serem utilizadas no decorrer da aula:

– O poema trabalha com visões que desvalorizam algumas camadas da sociedade, tais como o negro, o pobre, o marginalizado. Quais são as possíveis visões que desvalorizam essas camadas sociais encontrados no poema? Explique tais visões a partir de suas próprias experiências.

– O que se pode compreender dos seguintes versos que iniciam o poema?

Cada vez que gritam: pobre!

me assusto. Recuo ao canto

mais perto do rés do chão.

Negro, fico sem cor.

Fúria, fico sem fala.

– No decorrer do poema, vemos alguns movimentos sociais serem citados, como o Movimento dos Sem-Terra e dos Sem-Teto. Qual a relação desses movimentos com as classes sociais desvalorizadas também citadas no poema?

– Segundo o poema, o eu-lírico encontra-se perdido em um “labirinto finito enredado de justiça e democracia”. Percebe-se um tom irônico nesse trecho do poema. O que caracteriza a ironia nesse trecho? Reflita essa questão a partir do que já foi discutido na análise do poema.

-Você acredita que, de fato, existe justiça para todos e que vivemos em um país democrático?

– A partir desta imagem, podemos estabelecer uma relação com o poema. Quais os versos que podem ser relacionados?

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– Nos últimos versos do poema, o eu-lírico tenta conscientizar as pessoas, provavelmente as que sofreram ou sofrem do mesmo tipo de preconceito que ele. Qual seria e como se daria essa conscientização? Ponha-se no lugar do eu-lírico e formule um discurso para conscientizar as pessoas na luta contra o preconceito.

OBS.: além das discussões acerca do poema, há a possibilidade de inserirmos um vídeo de uma campanha publicitária que, interdiscursivamente, conversa com o texto principal desta aula.

Plano de aula 4:

DINÂMICA PARA TRABALHAR PRECONCEITO E EXCLUSÃO

PARTICIPANTES: até 20 pessoas.

TEMPO: 40’

MATERIAL: Etiquetas autocolantes com frases como:

SOU CRIATIVO: OUÇA-ME

SOU INFERIOR: IGNORE-ME

SOU PREPOTENTE – TENHA MEDO

SOU SURDO(A) – GRITE

SOU PODEROSO(A) – RESPEITE

SOU ENGRAÇADO(A) – RIA

SOU SÁBIO(A) – ADMIRE-ME

SOU ANTIPÁTICO(A) – EVITE-ME

SOU TÍMIDO(A) – AJUDE-ME

SOU MENTIROSO(A): DESCONFIE

SOU MUITO PODEROSO(A): BAJULE-ME

APERTE MINHA MÃO

ABRACE-ME

ME ISOLE

PISQUE PARA MIM

ME CONVIDE PARA DANÇAR

AFASTE-SE DE MIM

IGNORE-ME

SEGURE MINHA MÃO

DIGA-ME OLÁ

ME FAÇA UM ELOGIO

ME DESEJE PARABÉNS

ME FAÇA UM CARINHO

ME CONVIDE PARA SENTAR

OBJETIVO: Trabalhar temas como: Preconceito, Exclusão Social, “Bullying” (atitudes de chacota, piadinhas e agressões entre os indivíduos, principalmente observada nas escolas e nas relações de trabalho), reforçar a autoestima, percepção de padrões energéticos pessoais.

DESCRIÇÃO: O facilitador explica ao grupo que farão uma atividade onde serão coladas etiquetas na testa de cada um e que ninguém pode ver o que está escrito em sua testa, nem os poderá falar o que está escrito na testa dos outros.

PROCESSO:

1-    Colocar as etiquetas na testa de cada um. Reforçando que não poderão saber o que está escrito e que nem um participante pode contar ao outro o que está escrito.

2-    Após todos estarem devidamente “rotulados”, pedir para que andem pela sala e interajam uns com os outros de acordo com o que está escrito na testa de cada um. Isto é, se comportando de acordo com o que está escrito na testa de cada um dos participantes.

3-    Deixar que interajam por volta de 5 minutos.

4-    O facilitador deve observar atentamente as reações e clima gerado pelo exercício para que tenha subsídios para fomentar a discussão posterior.

5-    Após esse período cessar a atividade e pedir para que sentem. Mas, não tirem a etiqueta. Vale a norma de não saber o que estava escrito em sua testa nem comentar o que está escrito na testa dos outros participantes.

6-    Perguntar a cada participante, individualmente:

. Que sentimentos teve durante a atividade? Sentiu-se bem? Pressionado? Deslocado? Confortável?

.Como os outros participantes reagiram com você. Como se sentiu em relação a eles.

. O que acha que está escrito em sua testa?

– Pedir para que tire sua etiqueta e olhe o que está escrito.

. Era isso que esperava que estaria escrito? A atitude que tiveram com você foi justa? Agora que sabe o que estava escrito, seu sentimento em relação a como lhe trataram mudou?

7-     Ao término de todos os depoimentos, perguntar:

– O que podem extrair dessa experiência?

– O que acarreta esse tipo de situação: Preconceitos? O hábito que temos de Rotular as pessoas? A própria pessoa não ter autoconfiança e autoestima e irradiar essa energia para os outros?

– O que ocorreu durante a atividade, pode acontecer em nosso dia a dia?

– As pessoas que foram discriminadas, como se sentiram? O que poderiam fazer para não se sentirem assim?

          – As pessoas que se sentiram desconfortáveis. O que poderiam fazer para se sentirem melhor?

Nota: O facilitador precisa se preparar para discutir os conceitos de:

O que são preconceitos, porque ocorrem. O que podemos fazer a respeito?

O que é um rótulo? Porque tendemos a rotular as pessoas? O que isso acarreta nas relações.

Como nossas energias e pensamentos podem influenciar a nós mesmos e as reações dos outros?

[REFERÊNCIA: esta dinâmica foi retirada do site http://www.dinamicaspassoapasso.com.br/2011/02/dinamica-para-trabalhar-preconceito-e.html]

 

Plano de aula 5:

Análise da música Apartheid disfarçado, de Adão Negro.

 

Chá, chá lá lá lá lá lá

Chá lá lá lá lá lá lá lá

Chá lá lá lá lá lá lá

 

Apartheid disfarçado todo dia

Quando me olho não me vejo na TV

Quando me vejo estou sempre na cozinha

Ou na favela submissa ao poder

Já fui mucama mas agora sou “neguinha”

“Minha pretinha, nós gostamos de você”

Levante a saia, saia correndo pro quarto

Na madrugada patrãozinho quer te ver oioi

 

Chá lá lá lá lá lá

Chá lá lá lá lá lá lá lá

Chá lá lá lá lá lá lá

 

Será que um dia eu serei a patroa

Sonho que um dia isso possa acontecer

Ficar na sala não ir mais para a cozinha

Agora digo o que vejo na TV

 

Um som negro

Um Deus negro

Um Adão negro

Um negro no poder

 

Um som negro

Um deus negro

Um Adão negro

Um negro no poder

“Likareggae”

                                               Disponível em: <http://letras.mus.br/adao-negro-musicas/127571/ >

Reflexões sobre a música:

  1. O que você entende por apartheid?
  2. Há algum problema social retratado na música? Se sim, qual o problema retratado na letra?
  3. Nos versos: Quando me olho não me vejo na TV/ Quando me vejo estou sempre na cozinha/ Ou na favela submissa ao poder, percebe-se que o autor retrata a exclusão que o negro sofre em determinadas mídias. Você concorda com isso? Acredita que a mídia ajuda a menosprezar a imagem do negro?

PLANO DE AULA 6:

Politicamente incorreto racista em publicidade e propaganda.

Nesta oficina, o professor apresentará algumas propagandas antigas e atuais em que se observa alguns tipos de preconceito. O objetivo é que os preconceitos racial e social sejam mais discutidos e debatidos. As propagandas foram retiradas de: < http://apaginavermelha.blogspot.com.br/2012_11_01_archive.html>, acesso em outubro de 2015.

Em cada propaganda, o professor deve mostrar e evidenciar os aspectos que concretizam e aumentam o preconceito racial. Se ater em que tempo a propaganda foi divulgada e contextualizar com a atualidade.

Cada anúncio evidencia um tipo de preconceito e é importante que o professor observe o que a turma pense a respeito dos anúncios para instigar um debate mais caloroso.

 

PLANO DE AULA 7:

Dinâmica para encerrar sequência.

Dinâmica Preconceito

Faça um exercício de imaginação com seus alunos para que eles reflitam sobre seus preconceitos. Para isso, narre a situação. Você pode escrever o perfil das pessoas no quadro ou simplesmente lê-las uma a uma, com o cuidado de no final da dinâmica computar quantos “votos” teve cada uma das pessoas.

Houve uma catástrofe nuclear, o futuro da humanidade está em jogo existe um abrigo subterrâneo que pode abrigar somente seis pessoas faça sua escolha e destaque somente seis:

1.(  ) Jovem aristocrata, homossexual dono de uma escola para moços.

  1. ( ) Negro, pastor, teólogo, revolucionário e pacifista condenado por causar desordem pública.
  2. ( ) Artesão desempregado, amigo de ladrões, condenado à morte.
  3. ( ) Músico filho de uma mulher com sífilis, surdo, temperamental.

5.(  ) Homem, que fora uma criança difícil não falou até os três anos de idade, disléxico, reprovado na escola fundamental, anarquista perseguido pelo FBI.

  1. ( ) “Nerd” tímido, pouco popular na escola, desobedeceu a seu pai e abandonou a faculdade no terceiro período de matemática para estabelecer seu próprio negócio baseado numa invenção revolucionaria.
  2. ( ) Estudioso, portador de múltiplas deficiências, causadas por uma doença rara, degenerativa, paralisante e sem cura.
  3. ( ) Estudioso, não fuma e nem bebe, solteiro, grande organizador, autor de um famoso livro autobiográfico intitulado “Minha Luta”.
  4. ( ) Filho adotivo da aristocracia, grande administrador, admirador da música e do teatro, construiu grandes obras em seu governo sendo também musico e poeta.
  5. ( ) Moço tímido na adolescência foi soldado e trabalhador voluntário, filho de aristocratas, teve educação esmerada, engenheiro civil, empresário bem-sucedido pai de 12 filhos.
  6. ( ) Prostituta perseguida e condenada a morte pela justiça.
  7. ( ) Filho de imigrantes, foi coroinha, atleta, graduado em direito, condenado a 15 anos de prisão, tendo sido anistiado.
  8. ( ) Órfã de pai, tímida, fez voto de castidade e tinha problemas cardíacos.
  9. ( ) Órfã criada em um orfanato, foi adotada várias vezes, até se casar aos 16 anos. Atriz e viciada em drogas.
  10. ( ) Viciado em cocaína, especialista em sexualidade, fumante de cachimbo inveterado.
  11. ( ) O pai recusou-se a reconhecer sua paternidade, ainda jovem foi acusado de atentado ao pudor, volúvel, inconstante sendo pintor deixou muitas obras inacabadas.

 

Sequência Didática – O Fantástico na Literatura

Sequência didática desenvolvida a partir do conto “As formigas”, de Lygia Fagundes Telles. 

Autores: José Humberto dos S. Santana.

Evando Marcos dos Santos.

Conteúdos: Gêneros literários: fantástico, estranho e maravilhoso

Temática: O medo

Duração: 08 aulas de 50 min.

Público-alvo: 3º ano do Ensino Médio

Objetivo geral: incentivar o aluno a ler obras literárias (contos, poemas, romances, etc.) que o levem a despertar o sentimento de medo, a fim de que tal emoção aguce sua curiosidade e instigue, gradativamente, o gosto pela leitura, pois aquilo que nos repele, que nos causa desconforto, estranhamento, também nos atrai.

Objetivos específicos: possibilitar ao aluno identificar o Fantástico, o Maravilhoso e o Estranho em obras da literatura brasileira pós-moderna; instigar sua capacidade de realizar inferências, por meio de seus conhecimentos prévios (de mundo, textual e linguístico), para que construa, “em uma relação interativa entre ele, o texto e o autor,”  o sentido ou os sentidos possíveis do texto, bem como perceba a intertextualidade e/ou a interdiscursividade  temática entre o texto lido e outros textos (verbais ou não verbais).

Metodologia: aulas dialogadas (exposição de conteúdos com a participação efetiva dos alunos); atividades de compreensão textual; exibição de um filme; produção textual escrita (texto dissertativo-argumentativo).

Recursos: Conto e poema impressos (cópias); filme “Coração de Leão, o amor não tem tamanho”, (2014, dur. 1h49 min), de Marcos Carnevale; projetor multimídia; notebook; caixas de som.

1ª AULA:

  • Conceituar e caracterizar o gênero literário fantástico;
  • Citar autores brasileiros e estrangeiros de narrativas fantásticas, como Lygia Fagundes Telles (As formigas (1977)), Carlos Drummond de Andrade (Flor, telefone, moça (1951)) e Edgar Allan Poe (O gato preto (1943)).
  • Distinguir o gênero literário fantástico do estranho e do maravilhoso

Sugestões para trabalhar as definições dos gêneros “fantástico”, “estranho” e “maravilhoso”: 

Primeiro, é preciso que o texto obrigue o leitor a considerar o mundo das personagens como um mundo de criaturas vivas e a hesitar entre uma explicação natural e uma explicação sobrenatural dos acontecimentos evocados.

Segundo, a hesitação pode ser igualmente experimentada por uma personagem (…).

Terceiro, é importante que o leitor adote uma certa atitude para com o texto: ele recusará tanto a interpretação alegórica quanto a interpretação “poética” (TODOROV, 2004, p. 39).

O fantástico é a hesitação do leitor em relação a um fato estranho, sem admitir que aquilo é sobrenatural ou possui uma explicação racional.

Quando a história encerra com a ambiguidade, estar-se diante do fantástico.

Se há um desfecho sobrenatural, há o maravilhoso; se a explicação é racional, há o estranho.

Estranho: “O leitor decide explicar os fenômenos por meio de leis da realidade (coincidência, sonho, loucura, drogas, etc.)” (TODOROV, 1970, p. 156).

Maravilhoso: “O leitor decide que se deve admitir novas leis da natureza, pelas quais o fenômeno pode ser explicado, como ocorre nos contos de fada, nos quais os animais e as plantas podem falar, e outros fatos também são aceitos pelo próprio leitor” (TODOROV, 1970, p. 156).

2ª AULA: O Fantástico, o Estranho e o Maravilhoso em “AS FORMIGAS”

  • Expor sucintamente a biografia da contista e romancista brasileira Lygia Fagundes Telles, citando suas principais obras literárias e enfatizando seu estilo e as temáticas mais recorrentes em suas obras.
  • Ler o conto “As formigas”, de Lygia Fagundes Telles, inserido no livro “O Seminário dos ratos” (1977), discutir sua temática e classificá-lo no que tange ao gênero literário;
  • Descrever os elementos que a autora emprega para construir a atmosfera de suspense, a fim de despertar a sensação de desconforto e repulsa, o sentimento de medo e, ao mesmo tempo, a curiosidade do leitor.

Dar um breve panorama da biografia de Lygia Fagundes Telles:

  • Escritora brasileira membro da Academia Paulista de Letras, da Academia Brasileira de Letras e da Academia de Ciências de Lisboa.
  • Nasceu em São Paulo, no dia 19 de abril de 1923.
  • Em 2005, foi galardoada com o Prêmio Camões de Literatura
  • Principais obras: Ciranda de Pedra (1954) (romance); Antes do Baile Verde (1969) (contos); As meninas (1973) (romance); Seminário dos ratos (1977) (contos).
  • Temáticas recorrentes: solidão; loucura; morte; egoísmo; ciúme; inveja; choque de gerações; mudança de costumes.

Classificação do conto “As formigas”

Quanto ao gênero literário, trata-se de uma narrativa fantástica, porque, embora certos acontecimentos possam ser explicados racionalmente (alguns podem ser considerados oníricos) e o sobrenatural possa ser aceito pelo leitor (a metamorfose do anão, por exemplo), no desfecho, não se tem certeza de que as formigas reconstruíram todo o anão (faltavam o fêmur e os ossinhos da mão esquerda (TELLES, 2009, p. 16)), nem se sabe o porquê de uma das protagonistas (a estudante de direito) viajar com um gravura de Grassmann e o que ela retrata.

3ª AULA: O OLHO E O MEDO EM “AS FORMIGAS” E “O MORCEGO”

– Ler o poema “O Morcego”, de Augusto dos Anjos, e discutir a temática do texto;

– Aplicar atividade de compreensão textual e discutir as questões propostas e as respostas dos alunos.

– Uma cópia do referido poema deve ser entregue a cada aluno; e o texto, exposto em slides (caso disponha de Projetor Multimídia).

 – A leitura será realizada por um dos alunos.

– O debate acerca da temática do poema objetiva levar o aluno a perceber, por meio de inferências (fazendo uso de seus conhecimentos prévios: de mundo, linguístico, textual), que o poema e o conto abordam a temática do medo, seja do desconhecido (do inexplicável racionalmente), seja das consequências dos próprios atos.

– A atividade proposta objetiva possibilitar ao aluno perceber quais recursos (procedimentos) poéticos, o poeta empregou para construir uma atmosfera de aprisionamento e revelar, por conseguinte, o sentimento de medo do eu lírico: figuras de linguagem (pensamento, construção ou sintaxe); elementos estruturais e suas funções; constantes e variantes.

(O poema “O Morcego” se encontra disponível em: ANJOS, A. Eu e Outras Poesias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.)

Exercícios de compreensão textual com gabarito sugerido:

  1. O poema “O Morcego” e o conto “As formigas”, embora sejam gêneros literários distintos, têm um elemento estrutural comum: o olho. Qual a função exercida por esse elemento nos referidos textos?

R: Criar uma atmosfera de apreensão, suspense e angústia a fim de despertar o medo no leitor.

  1. Quais os recursos estilísticos usados pelo poeta para criar o clima de suspense em “O morcego”?

R: A repetição do vocábulo “olho” e o emprego de sons vocálicos fechados (assonância).

4ª AULA: GRASSMANN E O FANTÁSTICO EM “AS FORMIGAS”

1º momento: apresentar, em slides, dez gravuras do artista plástico Marcello Grassmann, inseridas no Album Pachello (1968), a fim de que os alunos conheçam seu estilo e as temáticas recorrentes em suas obras, e consigam inferir acerca da função da gravura de Grassmann no conto “As formigas” e de sua relevância para a construção do sentido do texto.

(O “Álbum Pachello” se encontra disponível em: <http://marcelograssmann.blogspot.com.br/2010/06/album-pachello.html>)

2º momento: discutir a intertextualidade (por alusão) entre o conto “As formigas” e os Contos de fadas: “A bela e a fera” e “Branca de Neve e os sete anões”.

Para tanto, o professor solicitará aos alunos que, usando seus conhecimentos textuais e de mundo, identifiquem, no conto “As formigas”, elementos que são típicos dos contos de fadas como: o castelo abandonado (sobrado) com escadas em caracol, o sótão, a bruxa (a velha proprietária do sobrado), o príncipe (o anão), a princesa (a protagonista), animais fabulosos (as formigas) e, sobretudo, a aceitação de situações e personagens que, da perspectiva da razão, são consideradas incomuns.

Síntese: nesta aula, o professor deve levar os alunos a perceberem a função das intertextualidades (explícita e alusiva) no conto, para que possam identificar o Maravilhoso.

Ao identificarem o Maravilhoso, os alunos conseguirão associar “As formigas” com “A bela e a fera”, porque verão que, em ambos os contos, um dos obstáculos que impedem a realização do amor entre o príncipe e a princesa é a forma física daquele, forma essa que não se enquadra nos padrões de beleza impostos pela sociedade.

5ª e 6ª AULAS:

Assistir ao filme argentino “Coração de Leão – o amor não tem tamanho” (2014, dur. 1h49min), de Marcos Carnevale, cujos protagonistas são: Julieta Diaz e Guillermo Francella. (Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=CjvR8czC3rM>, acesso em março de 2016.)

Discutir acerca da temática social abordada no filme (preconceito contra a pessoa de baixa estatura), relacionado-a com o Maravilhoso em “As formigas” e o Conto de Fadas “A bela e a fera”.

7ª AULA:

Os alunos produzirão um texto argumentativo-dissertativo que discuta o lugar do indivíduo “diferente” (o anão, o negro, o homoafetivo ou o portador de necessidades especiais (o autista, o cego, o surdo, etc.)) na sociedade contemporânea, levando em consideração o slogan (também título do texto): “SER DIFERENTE É NORMAL”.

Nesta atividade, o professor avaliará:

  • Capacidade argumentativa (defesa de um ponto de vista) do aluno, levando em consideração seus conhecimentos prévios e os construídos durante a execução desta sequência didática.
  • Coesão e coerência textuais;
  • Adequação à norma padrão escrita;

8ª AULA:

Discutir os principais pontos de vista defendidos pelos alunos no texto dissertativo, respeitando o direito à liberdade de expressão de cada aluno e salvaguardando os direitos humanos. Reescrever (caso necessite) o texto argumentativo, adequando-o à norma padrão escrita.

REFERÊNCIAS

ANJOS, A. Eu e Outras Poesias. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1998.

CANETTI, E. A língua absolvida: história de uma juventude. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. In: GENS, R. Leitura(s) do medo. In: ______. et al. (orgs.). Literatura infantil e juvenil na prática docente. Rio de janeiro: Ao Livro Técnico, 2010. p. 71-85.

GENS, R. Leitura(s) do medo. In: ______. et al. (orgs.). Literatura infantil e juvenil na prática docente. Rio de janeiro: Ao Livro Técnico, 2010. p. 71-85.

LOPES, T. M. A.   Realismo Mágico: uma problematização do conceito. Vocábulo, Ribeirão Preto, v. 5, p. 1-15, 2013.

LUCENA, S. C. Alguns temas em Lygia Fagundes Telles. Interdisciplinar, Itabaiana – SE, v. 5, n. 5, p. 155-168, Jan/jun. 2008.

SILVA, L. C. F; LOURENÇO, D. S. O gênero literário fantástico: considerações teóricas e leituras de obras estrangeiras e brasileiras. In: Encontro de Produção Científica e Tecnológica, 10., 2010, Campo Mourão – PR. Anais do V Encontro de Produção Científica e Tecnológica. Campo Mourão: FECILCAM/NUPEM, 2010.

TELLES, L. F. Seminário dos ratos: contos. São Paulo: Companhia das Letras, 2009 [1977].

TODOROV, T. As Estruturas Narrativas. 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1970.

______. Introdução à Literatura Fantástica. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2004.

WARNEN, M. Monsters of our own making: the peculiar pleasures of fear. Estados Unidos: University Press of Kentuchy, 2007.