A LEI 10.639/06 E A REFLEXÃO SOBRE O PRECONCEITO RACIAL
Autores: Anailze de Jesus Andrade
Danilo de Melo Mercado
Êliezer Santana Júnior
Ingrid Aquino Araújo
Jessica Lima dos Santos
José Aélio Santos
Terezinha Alves de Oliveira Andrade.
MODALIDADE DE ENSINO: Ensino médio
COMPONENTE CURRICULAR: Língua Portuguesa/Redação/Literatura
TEMA: A lei 10.639/03 e a reflexão sobre o preconceito racial.
DURAÇÃO DAS ATIVIDADES: Aproximadamente 9 aulas de 50 minutos.
ESTRATÉGIAS E RECURSOS DE AULA: Datashow, quadro, cartolina, folhas A4, sala de vídeo, notebook.
Plano de aula 1:
► Apresentação do vídeo Xadrez das Cores, disponível no link <https://www.youtube.com/watch?v=NavkKM7w-cc>.
► Após a visualização do vídeo, os bolsistas devem lançar perguntas para incitar o debate bem como instigar e analisar as primeiras inferências dos alunos com relação ao tema tratado no vídeo.
► Diante disso, os bolsistas devem abordar e explicar os motivos dos quais os levaram à sala de aula trabalhando com a temática da inserção do negro no meio social, preconceito, racismo e estereotipagens no geral. Assim, os bolsistas explicarão o que é a lei 10.639/03 bem como os trâmites emergentes que suscitaram o decreto de tal lei.
► Continuar e encerrar a aula com os debates que envolvem os termos “racismo”, “preconceito”, “estereótipos”.
Plano de aula 2:
► Trabalhando a historicidade do negro no Brasil: conversa entre poemas.
► Primeiramente, os bolsistas deverão apresentar imagens sobre o período escravocrata que, normalmente, são vistos em livros de histórias, no intuito de instigá-los ao debate sobre aquele regime social. Desta maneira, mais uma vez, os bolsistas poderão avaliar quais os conhecimentos prévios e de mundo que os alunos tem acerca desta temática.
► Em seguida, propomos a leitura do poema Se ela faz eu desfaço, do poeta Elé Semog na intenção de desmitificar alguns pontos acerca da Abolição da Escravatura. Segue o poema:
Se ela faz eu desfaço
A treze de maio
Fica decretado
Luto oficial na
Comunidade negra.
E serão vistos
Com maus olhos
Aqueles que comemorarem,
Festivamente,
Esse treze inútil. E fica o lembrete:
Liberdade se toma
Não se recebe
Dignidade se adquire
Não se concede. (Semog, 1979)
► A partir da leitura do poema, primeiramente silenciosa e individual e depois em voz alta e coletivamente, os bolsistas deverão suscitar ao debate comentando e analisando o poema junto aos alunos.
Plano de aula 3:
► Nesta aula, os bolsistas darão continuidade com os trabalhos fundamentados nas poesias socialistas de Elé Semog. Portanto, a 3ª aula se iniciará com a leitura do poema Íntimo dado (a senha). Cópias do poema serão distribuídos entre a turma e os bolsistas solicitarão que os alunos o leiam em silêncio e procurem buscar os pontos mais importantes que, fundamentados na temática que se trabalha no projeto e refletindo sobre as aulas anteriores, considerem mais importantes.
ÍNTIMO DADO (A SENHA)
Cada vez que gritam: pobre!
me assusto. Recuo ao canto
mais perto do rés do chão.
Negro, fico sem cor.
Fúria, fico sem fala.
Pois sei que as balas dos patrões,
que as balas dos políticos, da polícia
correm atrás de mim sem-terra
correm atrás de mim sem-teto
correm atrás das minhas razões,
por esses labirintos finitos
enredados de justiça e democracia,
só para eu sair nos jornais,
morto na foto, sangue vazando pelos ouvidos.
Toda vez que eles gritam: pobre!
é a tortura, é o estampido, é a vala.
É a nossa dor que tranquiliza os ricos.
Alô rapaziada… tem de antenar o dia:
o vento que venta lá, venta cá
► Em seguida, faz-se a leitura do poema em voz. Assim, encerrada a leitura, os bolsistas deverão incitar ao debate. Segue algumas perguntas a serem utilizadas no decorrer da aula:
– O poema trabalha com visões que desvalorizam algumas camadas da sociedade, tais como o negro, o pobre, o marginalizado. Quais são as possíveis visões que desvalorizam essas camadas sociais encontrados no poema? Explique tais visões a partir de suas próprias experiências.
– O que se pode compreender dos seguintes versos que iniciam o poema?
Cada vez que gritam: pobre!
me assusto. Recuo ao canto
mais perto do rés do chão.
Negro, fico sem cor.
Fúria, fico sem fala.
– No decorrer do poema, vemos alguns movimentos sociais serem citados, como o Movimento dos Sem-Terra e dos Sem-Teto. Qual a relação desses movimentos com as classes sociais desvalorizadas também citadas no poema?
– Segundo o poema, o eu-lírico encontra-se perdido em um “labirinto finito enredado de justiça e democracia”. Percebe-se um tom irônico nesse trecho do poema. O que caracteriza a ironia nesse trecho? Reflita essa questão a partir do que já foi discutido na análise do poema.
-Você acredita que, de fato, existe justiça para todos e que vivemos em um país democrático?
– A partir desta imagem, podemos estabelecer uma relação com o poema. Quais os versos que podem ser relacionados?
– Nos últimos versos do poema, o eu-lírico tenta conscientizar as pessoas, provavelmente as que sofreram ou sofrem do mesmo tipo de preconceito que ele. Qual seria e como se daria essa conscientização? Ponha-se no lugar do eu-lírico e formule um discurso para conscientizar as pessoas na luta contra o preconceito.
OBS.: além das discussões acerca do poema, há a possibilidade de inserirmos um vídeo de uma campanha publicitária que, interdiscursivamente, conversa com o texto principal desta aula.
Plano de aula 4:
DINÂMICA PARA TRABALHAR PRECONCEITO E EXCLUSÃO
PARTICIPANTES: até 20 pessoas.
TEMPO: 40’
MATERIAL: Etiquetas autocolantes com frases como:
SOU CRIATIVO: OUÇA-ME
SOU INFERIOR: IGNORE-ME
SOU PREPOTENTE – TENHA MEDO
SOU SURDO(A) – GRITE
SOU PODEROSO(A) – RESPEITE
SOU ENGRAÇADO(A) – RIA
SOU SÁBIO(A) – ADMIRE-ME
SOU ANTIPÁTICO(A) – EVITE-ME
SOU TÍMIDO(A) – AJUDE-ME
SOU MENTIROSO(A): DESCONFIE
SOU MUITO PODEROSO(A): BAJULE-ME
APERTE MINHA MÃO
ABRACE-ME
ME ISOLE
PISQUE PARA MIM
ME CONVIDE PARA DANÇAR
AFASTE-SE DE MIM
IGNORE-ME
SEGURE MINHA MÃO
DIGA-ME OLÁ
ME FAÇA UM ELOGIO
ME DESEJE PARABÉNS
ME FAÇA UM CARINHO
ME CONVIDE PARA SENTAR
OBJETIVO: Trabalhar temas como: Preconceito, Exclusão Social, “Bullying” (atitudes de chacota, piadinhas e agressões entre os indivíduos, principalmente observada nas escolas e nas relações de trabalho), reforçar a autoestima, percepção de padrões energéticos pessoais.
DESCRIÇÃO: O facilitador explica ao grupo que farão uma atividade onde serão coladas etiquetas na testa de cada um e que ninguém pode ver o que está escrito em sua testa, nem os poderá falar o que está escrito na testa dos outros.
PROCESSO:
1- Colocar as etiquetas na testa de cada um. Reforçando que não poderão saber o que está escrito e que nem um participante pode contar ao outro o que está escrito.
2- Após todos estarem devidamente “rotulados”, pedir para que andem pela sala e interajam uns com os outros de acordo com o que está escrito na testa de cada um. Isto é, se comportando de acordo com o que está escrito na testa de cada um dos participantes.
3- Deixar que interajam por volta de 5 minutos.
4- O facilitador deve observar atentamente as reações e clima gerado pelo exercício para que tenha subsídios para fomentar a discussão posterior.
5- Após esse período cessar a atividade e pedir para que sentem. Mas, não tirem a etiqueta. Vale a norma de não saber o que estava escrito em sua testa nem comentar o que está escrito na testa dos outros participantes.
6- Perguntar a cada participante, individualmente:
. Que sentimentos teve durante a atividade? Sentiu-se bem? Pressionado? Deslocado? Confortável?
.Como os outros participantes reagiram com você. Como se sentiu em relação a eles.
. O que acha que está escrito em sua testa?
– Pedir para que tire sua etiqueta e olhe o que está escrito.
. Era isso que esperava que estaria escrito? A atitude que tiveram com você foi justa? Agora que sabe o que estava escrito, seu sentimento em relação a como lhe trataram mudou?
7- Ao término de todos os depoimentos, perguntar:
– O que podem extrair dessa experiência?
– O que acarreta esse tipo de situação: Preconceitos? O hábito que temos de Rotular as pessoas? A própria pessoa não ter autoconfiança e autoestima e irradiar essa energia para os outros?
– O que ocorreu durante a atividade, pode acontecer em nosso dia a dia?
– As pessoas que foram discriminadas, como se sentiram? O que poderiam fazer para não se sentirem assim?
– As pessoas que se sentiram desconfortáveis. O que poderiam fazer para se sentirem melhor?
Nota: O facilitador precisa se preparar para discutir os conceitos de:
O que são preconceitos, porque ocorrem. O que podemos fazer a respeito?
O que é um rótulo? Porque tendemos a rotular as pessoas? O que isso acarreta nas relações.
Como nossas energias e pensamentos podem influenciar a nós mesmos e as reações dos outros?
[REFERÊNCIA: esta dinâmica foi retirada do site http://www.dinamicaspassoapasso.com.br/2011/02/dinamica-para-trabalhar-preconceito-e.html]
Plano de aula 5:
Análise da música Apartheid disfarçado, de Adão Negro.
Chá, chá lá lá lá lá lá
Chá lá lá lá lá lá lá lá
Chá lá lá lá lá lá lá
Apartheid disfarçado todo dia
Quando me olho não me vejo na TV
Quando me vejo estou sempre na cozinha
Ou na favela submissa ao poder
Já fui mucama mas agora sou “neguinha”
“Minha pretinha, nós gostamos de você”
Levante a saia, saia correndo pro quarto
Na madrugada patrãozinho quer te ver oioi
Chá lá lá lá lá lá
Chá lá lá lá lá lá lá lá
Chá lá lá lá lá lá lá
Será que um dia eu serei a patroa
Sonho que um dia isso possa acontecer
Ficar na sala não ir mais para a cozinha
Agora digo o que vejo na TV
Um som negro
Um Deus negro
Um Adão negro
Um negro no poder
Um som negro
Um deus negro
Um Adão negro
Um negro no poder
“Likareggae”
Disponível em: <http://letras.mus.br/adao-negro-musicas/127571/ >
Reflexões sobre a música:
- O que você entende por apartheid?
- Há algum problema social retratado na música? Se sim, qual o problema retratado na letra?
- Nos versos: Quando me olho não me vejo na TV/ Quando me vejo estou sempre na cozinha/ Ou na favela submissa ao poder, percebe-se que o autor retrata a exclusão que o negro sofre em determinadas mídias. Você concorda com isso? Acredita que a mídia ajuda a menosprezar a imagem do negro?
PLANO DE AULA 6:
Politicamente incorreto racista em publicidade e propaganda.
Nesta oficina, o professor apresentará algumas propagandas antigas e atuais em que se observa alguns tipos de preconceito. O objetivo é que os preconceitos racial e social sejam mais discutidos e debatidos. As propagandas foram retiradas de: < http://apaginavermelha.blogspot.com.br/2012_11_01_archive.html>, acesso em outubro de 2015.
Em cada propaganda, o professor deve mostrar e evidenciar os aspectos que concretizam e aumentam o preconceito racial. Se ater em que tempo a propaganda foi divulgada e contextualizar com a atualidade.
Cada anúncio evidencia um tipo de preconceito e é importante que o professor observe o que a turma pense a respeito dos anúncios para instigar um debate mais caloroso.
PLANO DE AULA 7:
Dinâmica para encerrar sequência.
Dinâmica Preconceito
Faça um exercício de imaginação com seus alunos para que eles reflitam sobre seus preconceitos. Para isso, narre a situação. Você pode escrever o perfil das pessoas no quadro ou simplesmente lê-las uma a uma, com o cuidado de no final da dinâmica computar quantos “votos” teve cada uma das pessoas.
Houve uma catástrofe nuclear, o futuro da humanidade está em jogo existe um abrigo subterrâneo que pode abrigar somente seis pessoas faça sua escolha e destaque somente seis:
1.( ) Jovem aristocrata, homossexual dono de uma escola para moços.
- ( ) Negro, pastor, teólogo, revolucionário e pacifista condenado por causar desordem pública.
- ( ) Artesão desempregado, amigo de ladrões, condenado à morte.
- ( ) Músico filho de uma mulher com sífilis, surdo, temperamental.
5.( ) Homem, que fora uma criança difícil não falou até os três anos de idade, disléxico, reprovado na escola fundamental, anarquista perseguido pelo FBI.
- ( ) “Nerd” tímido, pouco popular na escola, desobedeceu a seu pai e abandonou a faculdade no terceiro período de matemática para estabelecer seu próprio negócio baseado numa invenção revolucionaria.
- ( ) Estudioso, portador de múltiplas deficiências, causadas por uma doença rara, degenerativa, paralisante e sem cura.
- ( ) Estudioso, não fuma e nem bebe, solteiro, grande organizador, autor de um famoso livro autobiográfico intitulado “Minha Luta”.
- ( ) Filho adotivo da aristocracia, grande administrador, admirador da música e do teatro, construiu grandes obras em seu governo sendo também musico e poeta.
- ( ) Moço tímido na adolescência foi soldado e trabalhador voluntário, filho de aristocratas, teve educação esmerada, engenheiro civil, empresário bem-sucedido pai de 12 filhos.
- ( ) Prostituta perseguida e condenada a morte pela justiça.
- ( ) Filho de imigrantes, foi coroinha, atleta, graduado em direito, condenado a 15 anos de prisão, tendo sido anistiado.
- ( ) Órfã de pai, tímida, fez voto de castidade e tinha problemas cardíacos.
- ( ) Órfã criada em um orfanato, foi adotada várias vezes, até se casar aos 16 anos. Atriz e viciada em drogas.
- ( ) Viciado em cocaína, especialista em sexualidade, fumante de cachimbo inveterado.
- ( ) O pai recusou-se a reconhecer sua paternidade, ainda jovem foi acusado de atentado ao pudor, volúvel, inconstante sendo pintor deixou muitas obras inacabadas.