PLANO DE AULA
Autores:
Edinando Vieira Reis
Eliezer Santana Júnior.
Estrutura curricular: 2º ano do Ensino médio.
Componente curricular: Língua Portuguesa – Produção de texto.
Esta sequência didática visa o trabalho com os gêneros textuais. Chamaremos de tais, as diferentes formas de linguagem empregadas no texto. Podemos dizer que o gênero textual organiza as várias situações comunicativas da língua em uso, sendo ele um meio de efetivação para atividades sociais.
Nesta sequência, o gênero utilizado é cartaz. Esse gênero possui como característica as funções informativas e apelativas, servindo para informar e persuadir. Entre os diversos gêneros textuais que são utilizados para transmitir mensagens, o cartaz é um dos mais comuns, uma vez que nos deparamos diariamente com ele. É um gênero escrito e, quanto aos seus recursos linguísticos, possui uma linguagem sintética e objetiva, contendo todas as informações precisas para que se alcancem os propósitos esperados por meio do discurso.
O tipo textual mais predominante nesse gênero textual é o expositivo, uma vez que o cartaz possui a finalidade de apresentar informações, e o injuntivo, pois tem como objetivo instruir e orientar o leitor, utilizando-se de verbos no imperativo, infinitivo ou presente do indicativo.
Tema: A exploração do gênero cartaz e a produção do mesmo em âmbito escolar, tendo como reflexão o silêncio em denunciar a violência contra a mulher.
Objetivo Geral: Fazer com que o aluno identifique o gênero cartaz em estrutura, características e regularidades. Que ele reconheça a importância do gênero para nossa sociedade, tendo como reflexões, discussões sobre o medo que há em denunciar a violência contra a mulher.
Estratégia e recurso da aula:
- Trabalho em grupo;
- Discussão sobre o gênero e a temática, sendo ela oral e coletiva;
- Construção coletiva de conceitos sobre o gênero e a temática;
- Produção do gênero cartaz, para que seja apresentado na escola a outras turmas e comunidade, no mês ou Dia Internacional da Mulher;
- A utilização do laboratório de informática e xerocópias;
- Data show;
- Material para produção do cartaz.
Duração das atividades: 4 aulas de 50 mim.
1ª Aula:
Em primeiro momento, provoque a discussão sobre o gênero cartaz publicitário, com a intenção de buscar o conhecimento prévio que os alunos têm sobre o gênero destacado e a temática que será abordada durante a aula. Favorece a oralidade e o pensamento crítico.
Discussão após a apresentação dos cartazes
O educador e toda a turma irão analisar os cartazes em estudo. Para isso, faça algumas perguntas aos alunados, com a intenção provocativa para enriquecer o debate.
- O cartaz é um gênero textual marcado especialmente pela função informativa, bem como pela função apelativa. Tais funções têm a intenção de convencer ou conscientizar alguém sobre determinado assunto. Em sua opinião, qual o objetivo desses cartazes?
- Que tipo de pessoa ou público esses cartazes querem convencer ou conscientizar?
- Os cartazes geralmente apresentam linguagem visual e verbal. Quanto aos cartazes em estudo, qual a relação existente entre a ilustração e o texto verbal?
- Geralmente, os textos verbais exibidos em cartazes são curtos, com uma formação linguística simples, porém direta. A maioria desses enunciados expostos nos cartazes têm termos de comando, com ambiguidade e verbos no modo imperativo. O que podemos identificar nas imagens em estudo?
Obs.: A partir das respostas dadas pelos alunos, ajude-os para que alcancem quais são as principais características do gênero abordado.
2ª Aula:
O docente levará os alunos à sala de áudio e vídeo, com o propósito de assistirem um vídeo da música “Rosas”, da banda “Atitude feminina”.
Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=JP5RSDwUg6E
Em seguida, analisarão a letra da música, com a ajuda do professor.
“A cada quinze segundos uma mulher é agredida no Brasil
E a realidade não é nem um pouco cor-de-rosa
A cada ano, dois milhões de mulheres são espancadas
Por maridos ou namorados.”
Hoje meu amor veio me visitar
E trouxe rosas para me alegrar
E com lágrimas pede pra eu voltar
Hoje o perfume eu não sinto mais
Meu amor já não me bate mais
Infelizmente eu descanso em paz!
Tudo era lindo no começo, lembra?
Das coisas que me falou que era bom, sedução
Uma história de amor, vários planos, desejo, ilusão
E daí? Não tinha nada a perder, queria sair dali
No lugar onde eu morava me sentia tão só
Aquele cheiro de maconha e o barulho de dominó
A molecada brincava na rua e eu cheia de esperança
De encontrar no futuro a paz, sem tiroteio, vingança
E ele veio como quem não quisesse nada
Me deu um beijo e me deixou na porta de casa
Os meus olhos brilhavam, estava apaixonada!
“Deixa de ser criança!” – a minha mãe falava
Que “no começo tudo é festa” e eu ignorava
Deixa eu viver meu futuro, Zipá
Muda nada, menina boba, iludida, sabe de nada da vida
Uma proposta, ambição de ter uma família
Entreguei até a alma e ele não merecia
O meu pai embriagado, nem lembrava da filha
O meu príncipe encantado, meu ator principal
Me chamava de “filé” e eu achava legal
No começo tudo é festa, sempre é bom lembrar!
Hoje estou feliz, o meu amor veio me visitar
Hoje meu amor veio me visitar
E trouxe rosas para me alegrar
E com lágrimas pede pra eu voltar
Hoje o perfume eu não sinto mais
Meu amor já não me bate mais
Infelizmente eu descanso em paz!
Numa atitude impensada, sai de casa pra ser feliz
Não dever satisfação, ser dona do meu nariz
Não aguentava mais ver a minha mãe sofredora
Levar porrada do meu pai embriagado e à toa
Meu irmão se envolvendo com as paradas erradas:
Cocaína, maconha, 157, armas
Eu estava feliz no meu lar doce lar
Sua roupa, olha só, tinha prazer de lavar
Mas “alegria de pobre dura pouco”, diz o ditado
Ele ficou diferente, agressivo, irritado
Chegava tarde da rua, aquele bafo de pinga
Batom na camisa e cheiro de rapariga
Nem um ano de casado, ajuntado, sei lá
Não sei pra que cerimônia, o importante é amar
Amor de tolo, amor de louco, o que foi que aconteceu?
Me mandou calar a boca e não me respondeu
Insisti, foi mal, ele me bateu
No outro dia me falou que se arrependeu
Quem era eu pra julgar? Queria perdoar
Hoje estou feliz o meu amor veio me visitar
“Eu tava a quatro meses grávida
Ele me deu uma surra tão violenta que eu cai, desmaiei
Aí quando eu acordei eu tava numa poça de sangue, assim
Que tinha saído da minha boca e do meu rosto
Ele me catou assim pelos meus cabelos
Me puxou e falou: Você vai morrer!”
Hoje o perfume eu não sinto mais
Meu amor já não me bate mais
Infelizmente eu descanso em paz
Quase dois anos e a rotina parecia um inferno
Que saudade da minha mãe, desisti do colégio
A noite chega, madrugada e meu amor não vinha
Quanto mais demorava, preocupada, mais eu temia
Não estava aguentando aquela situação
Mas hoje tudo vai mudar, ele querendo ou não
Deus havia me escutado há uns dois meses atrás
Aquele filho na barriga era esperança de paz
Tantos conselhos me deram, de nada adiantou
Era a mulher mais feliz, o meu amor chegou
Que pena! Novamente embriagado
Aquele cheiro de maconha, inconfundível, é claro
Tentei acalma-lo, ele ficou irritado
Começou a quebrar tudo loucamente, lombrado
Eu falei que estava grávida, ele não me escutou
Me bateu novamente, mas dessa vez não parou
Vários socos na barriga, lá se vai a esperança
O sangue escorre no chão, perdi a minha criança
Aquele monstro que um dia prometeu me amar
Parecia incontrolável, eu não pude evitar
Talvez se eu tivesse o denunciado
Talvez se eu tivesse o deixado de lado
Agora é tarde, na cama do hospital
Hemorragia interna, o meu estado era mau
O sonho havia acabado e os batimentos também
A esperança se foi pra todo sempre, amém!
Hoje meu amor implora pra eu voltar
Ajoelhado, chorando, infelizmente não dá
Agora estou feliz, ele veio me visitar
É dia de finados, muito tarde pra chorar
Hoje meu amor veio me visitar
E trouxe rosas para me alegrar
E com lágrimas pede pra eu voltar
Hoje o perfume eu não sinto mais
Meu amor já não me bate mais
Infelizmente eu descanso em paz!
“É muito importante que o limite seja posto pela mulher
Não vou aceitar uma situação de violência dentro da minha casa!”
Fonte: https://www.letras.mus.br/atitude-feminina/487433/
Questões para nortear a discussão.
- Você acha que a música traz uma questão social. Por quê?
- O que se passa na letra da música?
- Em que ambiente acontece a estória?
- Como ela era tratada pelo companheiro?
- Na estória, a mulher tem um final feliz ou triste? Por quê?
Sugestão: Para um maior enriquecimento dos alunos sobre o assunto, o professor poderá convidar um licenciado em história, pois o mesmo explicará todo o processo histórico de submissão e o tratamento como objeto que a mulher sofreu e sofre.
3ª Aula:
Leve os alunos à sala de informática para iniciarem a pesquisa. Primeiramente, irão pesquisar mais cartazes, para que tenham mais contato com o gênero e percebam a sua estrutura. Em seguida, pesquisarão sobre verbos no modo imperativo. Depois, identificarão nos cartazes estudados os verbos que estão nesse modo, buscando sempre entender o seu sentido. Então, os alunos farão uma outra pesquisa, buscando investigar sobre o motivo que leva a mulher a ficar em silêncio, mesmo sendo tratada de forma agressiva e abusiva.
Dica: Na falta da sala de informática, os alunos poderão levar livros, revistas e jornais que explorem o tema.
4ª Aula:
Separando a turma em grupos, o professor irá direcionar os alunos a produzirem seus próprios cartazes, informando-os que o público-alvo será os seus colegas de outras séries, a equipe de educadores da instituição e toda comunidade, pois será exposto no mural da escola e apresentados. Para a confecção desse gênero, o professor de Língua Portuguesa poderá contar com a ajuda do professor de Artes. Os grupos serão lembrados que procurem fazer um texto curto e objetivo e que seja de forte impacto, levando o leitor a refletir sobre a questão colocada no cartaz (violência doméstica: os possíveis agressores, conscientização da mulher sobre a denúncia, etc.), dando instruções com vistas a persuadir o interlocutor, usando verbos no imperativo (vamos, corra, pegue, faça, pense, acredite, respeite, ame, aceite, reflita, etc.). Diante disso, eles terão que utilizar uma linguagem de acordo com a norma padrão, menos ou mais formal, simples e direta e acessível ao perfil do público leitor. Já confeccionados, serão apresentados a toda comunidade junto com uma palestra no dia (25/11) “dia internacional de luta contra a violência à mulher”. Diante disso, o professor de Língua Portuguesa terá a possibilidade de convidar um advogado especialista no caso para enriquecer a palestra.
Referências:
Disponível em: <http://www.infoescola.com/literatura/generos-textuais/>. Acesso em: 12 Fev. 2017.
Disponível em: <https://www.todamateria.com.br/o-cartaz-como-genero-textual/>. Acesso em: 12 Fev. 2017.
Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=51381>. Acesso em: 12 Fev. 2017.
Disponível em: <http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/redacao/um-genero-textual-informativocartaz.htm>. Acesso em: 12 Fev. 2017.