TEMA: Combate ao preconceito e a discriminação racial
MINISTRANTES:
Anailze Andrade
Danilo de Melo Mercado
Ingrid Aquino
José Aélio Dos Santos
Jessica Lima Silva
Mayara Menezes
Terezinha Andrade
Esta oficina é resultado do trabalho realizado pelos participantes do projeto PIBID da UFS do campus Itabaiana. Ela foi aplicada no evento da OCMEA , direcionada à alunos do ensino fundamental da Escola Monteiro Lobato, com a finalidade de conscientizar e desmistificar o preconceito racial aos negros.
PÚBLICO ALVO: 5° e 6° anos fundamentais
Nº DE AULAS: 6 horas/aulas
ATIVIDADE 1: RESPEITO ÁS DIFERENÇAS
O professor utilizará imagens de crianças, duas negras e duas brancas, coladas em cartolina, e colocará os alunos em três situações diferentes, gerando assim um debate.
Foto 1 Foto 2
Foto 3 Foto 4
Foto 1:Disponível em: http://niallhoranphonenumber.blogspot.com.br/
Foto 2:Disponível em: http://comunidade-artista.blogspot.com.br/2013_05_26_archive.html.
Foto 3:Disponível em: http://hdwyn.com/child_face_smile_girl_hd-wallpaper-52527/.
Foto 4:Disponível em: http://www.avozdocampo.com/cidades/araci/dia-da-consciencia-negra-tera-escolha-da-garota-e-do-garoto-black-de-araci-nesta-sexta.
Situação 1:
Várias crianças estavam participando de um campeonato na escola, quatro delas venceram, porém havia apenas um troféu. Vamos imaginar que vocês são os juízes do campeonato, para quem vocês dariam o troféu?
Situação 2:
Haverá uma festa muito legal em sua casa, condomínio (ou bairro) e você terá o direito de levar apenas um convidado. Quem você escolheria para levar à sua festa dentre as crianças que estão expostas no quadro?
Situação 3:
Você estava na sua casa e, de repente, ouviu alguns gritos de socorro. Você foi até o portão e encontrou uma senhora apontando para as crianças, dizendo que uma delas havia lhe xingado e tentado roubar suas sacolas. Como a senhora estava muito descontrolada, não foi possível identificar quem havia lhe desrespeitado e as crianças saíram correndo assustadas. Qual das crianças você supõe que desrespeitou a senhora?
Após o debate o professor aplicará um questionário com a finalidade de compreender os fatores que influenciam o ponto de vista do aluno, a respeito da “Discriminação Racial”, para ao final desenvolver uma atividade de desconstrução.
1) Quais foram as crianças mais e menos votadas em cada situação?
2) Por que vocês acham que essa criança escolhida merecia o troféu? O que ela tem de diferente dos outros?
3) Qual o motivo que o/a levou a escolher determinada criança como responsável pelo comportamento agressivo com a senhora da situação relatada?
4) Por que você escolheu tal criança como sua convidada para a festa? O que o/a faz pensar que seria uma boa companhia para você?
5) Como é sua família?
6) Com quem você se parece?
7) Quem são seus amigos? Eles possuem aspectos semelhantes ou diferentes?
Em seguida, o professor solicitaria aos alunos que colocassem em faixas de cartolinas palavras que representem o respeito às diferenças, como: amizade, compaixão, respeito, ajuda ao próximo, confiança e entre outros. Posteriormente, eles colariam suas faixas em um painel de isopor confeccionado para essa ação.
ATIVIDADE 2: BRINCADEIRA COM OS ANIMAIS QUE REPRESENTAM A ÁFRICA.
O professor colocará as figuras de animais que representam a África, pregadas em um TNT para apresentar aos alunos, e a partir dessas imagens será introduzido conteúdos acerca do continente africano. Depois, seria proposta a confecção de desenhos feitos pelos alunos para que eles assimilem a flora e a fauna características da África, em seguida eles deverão expor os desenhos em um mural produzido especificamente para essa ação.
Materiais: Lápis de cor, lápis grafite, folha sulfite, barbante e pregadores ou isopor (enfeitado) e broche para pregar as imagens.
ATIVIDADE 3: DANÇAS E INSTRUMENTOS MUSICAIS DE ÁFRICA.
O professor, inicialmente, mostrará aos alunos instrumentos musicais originários da cultura africana a partir de imagens, e aqueles já incorporados na cultura brasileira, com a apresentação dos nomes. Enquanto os instrumentos estão sendo apresentados, ao fundo serão colocadas músicas que representam o contexto musical africano, como o ritmo da capoeira originária da cultura africana.
Material de apresentação: música de capoeira, e as imagens de instrumentos musicais.
ATIVIDADE 4: DESCONTRUÇÃO DO PRECONCEITO RACIAL ATRAVÉS DOS MITOS E LENDAS AFRICANAS.
Exploraremos o tema a partir de lendas e mitos africanos, priorizando as lendas mais populares, ou seja, as que são passadas de boca em boca, que contenham muito preconceito racial, que repetimos sem nem mesmo percebermos.
Levaríamos uma caixa com alguns apetrechos, como gorro do saci, velas, cachimbos e etc., para a dinâmica que será realizada ao final desta atividade. Na dinâmica, as crianças vão tirando as coisas da caixa e recontando as lendas eliminando o preconceito embutido ali, sob a orientação do professor.
ATIVIDADE 5: ANÁLISE DA MÚSICA “INCLASSIFICÁVEIS”, DE ARNALDO ANTUNES.
Os alunos devem ter em mãos a letra da música para acompanhar, o mediador deverá buscar junto com os alunos a interpretação da letra da música e observar as colocações deles sobre a temática, gerando discussões.
Inclassificáveis, Arnaldo Antunes
que preto, que branco, que índio o quê?
que branco, que índio, que preto o quê?
que índio, que preto, que branco o quê?
que preto branco índio o quê?
branco índio preto o quê?
índio preto branco o quê?
aqui somos mestiços mulatos
cafuzos pardos mamelucos sararás
crilouros guaranisseis e judárabes
orientupis orientupis
ameriquítalos luso nipo caboclos
orientupis orientupis
iberibárbaros indo ciganagôs
somos o que somos
inclassificáveis
não tem um, tem dois,
não tem dois, tem três,
não tem lei, tem leis,
não tem vez, tem vezes,
não tem deus, tem deuses,
não há sol a sós
aqui somos mestiços mulatos
cafuzos pardos tapuias tupinamboclos
americarataís yorubárbaros.
somos o que somos
inclassificáveis
que preto, que branco, que índio o quê?
que branco, que índio, que preto o quê?
que índio, que preto, que branco o quê?
não tem um, tem dois,
não tem dois, tem três,
não tem lei, tem leis,
não tem vez, tem vezes,
não tem deus, tem deuses,
não tem cor, tem cores,
não há sol a sós
egipciganos tupinamboclos
yorubárbaros carataís
caribocarijós orientapuias
mamemulatos tropicaburés
chibarrosados mesticigenados
oxigenados debaixo do sol
Disponível em: http://www.letras.com.br/#!arnaldo-antunes/inclassificaveis. Acesso em fevereiro de 2016.
ATIVIDADE 6: ENCERRAMENTO – TEATRO DE FANTOCHE “MENINA BONITA DO LAÇO DE FITA”
MENINA BONITA DO LAÇO DE FITA
(Ana Maria Machado)
Era uma vez uma menina linda, linda.
Os olhos pareciam duas azeitonas pretas brilhantes, os cabelos enroladinhos e bem negros.
A pele era escura e lustrosa, que nem o pelo da pantera negra na chuva.
Ainda por cima, a mãe gostava de fazer trancinhas no cabelo dela e enfeitar com laços de fita coloridas.
Ela ficava parecendo uma princesa das terras da África, ou uma fada do Reino do Luar.
E, havia um coelho bem branquinho, com olhos vermelhos e focinho nervoso sempre tremelicando. O coelho achava a menina, a pessoa mais linda que ele tinha visto na vida.
E pensava:
– Ah, quando eu casar quero ter uma filha pretinha e linda que nem ela…
Por isso, um dia ele foi até a casa da menina e perguntou:
– Menina bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
– Ah deve ser porque eu caí na tinta preta quando era pequenina…
O coelho saiu dali, procurou uma lata de tinta preta e tomou banho nela.
Ficou bem negro, todo contente. Mas aí veio uma chuva e lavou todo aquele pretume, ele ficou branco outra vez.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
– Menina bonita do laço de fita, qual é o seu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
– Ah, deve ser porque eu tomei muito café quando era pequenina.
O coelho saiu dali e tomou tanto café que perdeu o sono e passou a noite toda fazendo xixi.
Mas não ficou nada preto.
– Menina bonita do laço de fita, qual o teu segredo para ser tão pretinha?
A menina não sabia, mas inventou:
– Ah, deve ser porque eu comi muita jabuticaba quando era pequenina.
O coelho saiu dali e se empanturrou de jabuticaba até ficar pesadão, sem conseguir sair do lugar. O máximo que conseguiu foi fazer muito cocozinho preto e redondo feito jabuticaba. Mas não ficou nada preto.
Então ele voltou lá na casa da menina e perguntou outra vez:
– Menina bonita do laço de fita, qual é teu segredo pra ser tão pretinha?
A menina não sabia e… Já ia inventando outra coisa, uma história de feijoada, quando a mãe dela que era uma mulata linda e risonha, resolveu se meter e disse:
– Artes de uma avó preta que ela tinha…
Aí o coelho, que era bobinho, mas nem tanto, viu que a mãe da menina devia estar mesmo dizendo a verdade, porque a gente se parece sempre é com os pais, os tios, os avós e até com os parentes tortos. E se ele queria ter uma filha pretinha e linda que nem a menina, tinha era que procurar uma coelha preta para casar.
Não precisou procurar muito. Logo encontrou uma coelhinha escura como a noite, que achava aquele coelho branco uma graça.
Foram namorando, casando e tiveram uma ninhada de filhotes, que coelho quando desanda a ter filhote não para mais! Tinha coelhos de todas as cores: branco, branco malhado de preto, preto malhado de branco e até uma coelha bem pretinha.
Já se sabe, afilhada da tal menina bonita que morava na casa ao lado.
E quando a coelhinha saía de laço colorido no pescoço sempre encontrava alguém que perguntava:
– Coelha bonita do laço de fita, qual é o teu segredo para ser tão pretinha?
E ela respondia:
– Conselhos da mãe da minha madrinha…
Disponível em: http://contandoradehistorias.blogspot.com.br/2008/01/na-espera-menina-bonita-do-lao-de-fita.html. Acesso em fevereiro de 2016