Artigo de opinião – Reflexões sobre a língua

A Língua e o seu caráter flexível 

Autor: Carlos Alexandre N. Aragão.

Em seu texto o Prof. Me. Carlos Alexandre M. Aragão, discute questões relacionadas a língua e ensino de Língua Portuguesa, fazendo a análise de um trecho de determinado livro didático que foi aprovado pelo MEC ( Ministério da Educação), que causou certa polêmica com sua proposta didática. Assim o professor discute as questões linguísticas, normas e padrões, preconceitos e falares característicos, colocando também sua opinião sobre os temas.

Fazer download do arquivo Pdf

Artigo – Marcas de regionalismo na língua

PALATALIZAÇÃO NA ESCRITA: MARCA DE REGIONALISMO NÃO PADRÃO 

Autores:

Mariléia Silva dos Reis;

José Humberto dos Santos Santana;

Evando Marcos dos Santos.

RESUMO

Este estudo investiga, com base na Fonologia de Uso, proposta por Bybee (2003), e em seu modelo representacional, a Teoria de Exemplares (PIERREHUMBERT, 2001), o modo como vem se manifestando o processo de palatalização na produção escrita de crianças que cursam os anos finais da primeira etapa do Ensino Fundamental (fase de aprendizagem final da leitura). Além disso, descreve, com base na Teoria da Variação e Mudança Linguística (LABOV, 2008 [1972]; WEINREICH et al., 2006 [1968]), os fatores linguísticos – classes de palavras, tonicidade da sílaba, contextos fonológicos anterior e posterior – e extralinguísticos – faixa etária, escolaridade e sexo – condicionantes da representação do referido processo. Trata-se da escrita de palavras com representação muito próxima das falas destas crianças, como em “oto” ou “otxo” (para [‘o.tʃɪ̯ʊ]); “pixta” ou “pita” (para [‘piʃ.tә]); “biscoto” ou “biscotxo” (para [bis.’ko.tʃɪ̯ʊ]), dentre outras palavras. A palatalização, na perspectiva articulatória, consiste no levantamento da língua em direção à parte posterior do palato duro (SILVA, 2003). Esta descrição procura auxiliar o professor na mediação do processo de automonitoração do aluno, no que diz respeito à frequência de uso da representação da palatalização das consoantes coronais /t/ e /d/ antecedidas de glide /y/, e da sibilante /S/ em coda silábica medial em suas produções textuais escritas, indicando-lhe os contextos fonológicos mais favoráveis à escrita palatalizada, que constitui uma marca de regionalismo não padrão muito estigmatizada no contexto da sala de aula. Tendo em vista a recorrência da palatalização de [t ~ tʃ, d ~ dʒ] e [s ~ ʃ] na fala de crianças itabaianenses (SANTOS, 2014), nesse estudo, adotamos, como corpus de análise, produções escritas (preenchimento de lacunas) obtidas de alunos do terceiro ao quinto ano do ensino fundamental que residem e estudam na zona rural do município de Itabaiana (SE). Controlamos as variantes: representação (presença/ausência de grafemas que marcam, na escrita, a palatalização de /t/, /d/ e /S/ em contextos de motivação linguística) /cancelamento (inserção do grafema “i” antes de /t/ e /d/, e de “s” antes de /t/). Os dados foram submetidos à análise estatística do programa GoldVarb X (SANKOFF et al., 2005), a fim de se constatar a frequência relativa e o efeito dos grupos de fatores independentes sobre as referidas variantes. Os resultados evidenciam que o processo de escolarização refreia a representação da palatalização das consoantes em estudo nas produções escritas das crianças: quanto maior o grau de escolaridade do sujeito, menor uso da escrita palatalizada ele o faz. Esta evidência justifica-se pela maturidade cognitiva do educando frente às arbitrariedades do código escrito formal da língua.

Palavras-chave: Palatalização na escrita; Frequência de uso; Variação linguística; Ensino de língua.

Clique aqui para visualizar o artigo completo