Sequência didática: trabalhando empatia e preconceito a partir dos gêneros poema e narrativa

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM LETRAS

CARMEM ALESSANDRA CABRAL MOTA MATOS

              Trabalho apresentado à disciplina Leitura do Texto Literário, sob orientação da Profª Drª Jeane Nascimento

APRESENTAÇÃO

O trabalho com o texto literário em sala de aula está comumente atrelado às aulas de gramática, servindo de subsídio para tal ou apenas como uma atividade forçada de interpretação de texto. Enquanto professores de Língua Portuguesa, se queremos despertar o gosto pela leitura em nossos alunos e ajuda-los a ler melhor, precisamos rever nossa postura diante do texto, como também no momento de elaborarmos nossos planejamentos. O presente trabalho solicitado pela Profª Drª Jeane Nascimento, na disciplina Leitura do texto literário, apresentará sequências didáticas para o trabalho com o texto literário em sala de aula, tendo como base a obra Letramento Literário, de Rildo Cosson, que traz reflexões acerca do assunto e estratégias para a nossa prática, pois como afirma o autor (COSSON, 2016),  “No ambiente escolar, a literatura é um lócus de conhecimento e, para que funcione como tal, convém ser explorada de maneira adequada”.

 

OBJETIVO GERAL

  • Propor sequências didáticas voltadas para o letramento literário em sala de aula, para que possamos trabalhar de maneira eficaz com o texto literário.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Despertar o gosto pela leitura de textos literários.
  • Desenvolver atividades diferenciadas no trabalho com as obras literárias.
  • Promover uma mudança de postura e concepção frente ao texto literário.

GÊNERO

 Os gêneros escolhidos para este trabalho serão a narrativa e o poema.

TEMA

 A empatia e o preconceito serão os temas trabalhados nas sequências didáticas.

PÚBLICO ALVO

O presente trabalho terá como público alvo uma turma de adolescentes do 8º ano do Ensino Fundamental da Rede Pública Estadual de SE.

RECURSOS UTILIZADOS

  • Lousa branca
  • Piloto
  • Computadores (laboratório de informática)
  • Internet (canal do youtube)
  • Texto impresso (conto, poema e música)
  • Folhas em branco

SEQUÊNCIA DIDÁTICA: NARRATIVA

I – MOTIVAÇÃO

O primeiro momento em sala de aula será para sondar o conhecimento prévio da turma. A professora deverá colocar escrito no quadro a palavra EMPATIA e perguntar aos alunos se já ouviram aquela palavra, se sabem o que significa. Em seguida, a professora escreverá a palavra PRECONCEITO e fará a mesma dinâmica. Diante destas exposições, será iniciada a discussão a partir dos comentários dos alunos conduzidas pelas inferências feitas pelo professor. Os alunos deverão estar organizados em círculo para facilitar o debate.

Duração: 02 aulas

II – INTRODUÇÃO

Neste segundo momento, os alunos serão conduzidos ao laboratório de informática, onde irão visualizar os seguintes vídeos propostos pelo professor:

https://www.youtube.com/watch?v=aPs6q5vqnFs

https://www.youtube.com/watch?v=HzCAGaYRX_0

https://www.youtube.com/watch?v=1Q31auoWVoQ

Sugestão de filme: “À espera de um milagre” é um  filme norte-americano  de 1999, do gênero  dirigido e roteirizado por Frank Darabont, com base no  livro homônimo de Stephen King.

Após a visualização dos vídeos, os alunos retornarão para a sala de aula (ou qualquer outro espaço onde possam ficar em círculo) e a professora promoverá uma roda de conversa, perguntando aos alunos:

  • O que vocês acharam dos vídeos?
  • Neles vocês perceberam alguma relação com o que foi conversado na aula passada sobre os conceitos “empatia” e “preconceito”?
  • Que relação vocês estabelecem com estes conceitos e os filmes?

E assim prosseguirá o debate.

Duração: 03 aulas.

III – LEITURA

Nessa aula, a professora apresentará aos alunos o autor a ser trabalhado, Moacir Scliar, fazendo uma breve explanação da sua biografia e suas obras. Em seguida, entregará aos alunos as cópias impressas da narrativa Bruxas não existem, de autoria do autor mencionado.

Primeiramente, a professora solicitará que os alunos façam a leitura silenciosa. Em seguida, a professora fará a leitura em voz alta. Será promovida uma roda de conversa. A professora fará as seguintes indagações:

  • O que vocês acharam do texto?
  • O que acontece na história?
  • A atitude do garoto e seus amigos tem relação com algo debatido na aula passada?
  • Por que o título “Bruxas não existem”? O título tem relação com os temas debatidos?

Durante esta roda de conversa os alunos irão expor o que entenderam e farão suas colocações sobre o poema lido. A professora pedirá aos alunos que façam uma releitura em casa e poderá sugerir que pesquisem textos sobre o tema (Sugestão: Empatia, por Marta Medeiros.

Duração: 02 aulas

IV –  INTERPRETAÇÃO

A professora retomará a discussão sobre o poema lido na aula anterior e em seguida pedirá aos alunos que façam a reescrita do texto, segundo a sua interpretação, através de um desenho coletivo da seguinte forma: serão entregues folhas em branco aos alunos. Os mesmos colocarão seu nome, iniciarão o desenho, e ao sinal dado pela professora (falando “já”, batendo palmas, ou parando uma música que esteja tocando), eles devem trocar de folha e continuar o desenho do colega, até o desenho ser concluído.

Dando continuidade às atividades de interpretação, a professora perguntará aos alunos se eles já vivenciaram uma situação parecida com a do personagem do texto ou se conhecem alguém que tenha passado por esta experiência. Concluída a conversa, a professora pedirá aos alunos que relatem tal experiência por meio de uma produção de texto.

Duração: 02 aulas

Outra sugestão de atividade:

  • Reescrita do texto modificando o final, como também o título.
  • Produção de uma pequena peça teatral sobre o poema.

 

SEQUÊNCIA DIDÁTICA: POEMA

I – MOTIVAÇÃO

Neste primeiro momento, a professora trará para a sala de aula a música “Os bichinhos e o homem”, de Vinícius de Moraes, juntamente com a cópia da letra. Depois que os alunos escutarem, a professora perguntará o que os alunos acharam da música e promoverá uma roda de conversa:

  • O que acharam da música?
  • Sobre o que a música fala?
  • O que diz o final da música? O que você sentiu ao cantá-lo?
  • Você percebeu algum teor de preconceito nesta música?

Ao final da aula, pedir aos alunos que tragam na próxima aula músicas com a mesma temática.

(A música a ser trabalhada fica a critério do professor. Outra sugestão: Diga não aos preconceitos, de McSilvinha)

Duração: 02 aulas

II – INTRODUÇÃO

A professora retomará a discussão da aula anterior. Em seguida perguntará quem trouxe outras músicas e pedirá que socializem, abrindo um novo momento de debate e retomando as palavras empatia e preconceito.

Duração: 02 aulas.

 III – LEITURA

A professora trará para a aula o poema “O bicho”, de Manuel Bandeira, no slide (se houver Datashow) ou escrito numa cartolina.

 Os alunos farão a leitura silenciosa e em seguida a professora lerá em voz alta. Após a leitura, a professora iniciará a roda de conversa acerca do poema lido:

  • Vocês já conheciam esse poema?
  • O que acharam dele?
  • Sobre o que ele fala?
  • O que nos revela o final do poema?

Duração: 01 aula.

IV –  INTERPRETAÇÃO

 Neste momento, a professora iniciará o debate com a seguinte pergunta: Qual a relação existente entre o poema “O bicho”, de Manuel Bandeira, e o conto “Bruxas não existem”, de Moacir Scliar? A professora fará um breve retrospecto e em seguida, solicitará aos alunos que produzam um pequeno texto a partir do tema proposto acima.

 

 

BIBLIOGRAFIA

COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. 2. Ed., 6ª reimpressão. São Paulo: Contexto, 2016.

 

ANEXOS 

 

capture-20180321-121256

 

Quando eu era garoto, acreditava em bruxas, mulheres malvadas que passavam o tempo todo maquinando coisas perversas. Os meus amigos também acreditavam nisso. A prova para nós era uma mulher muito velha, uma solteirona que morava numa casinha caindo aos pedaços no fim de nossa rua. Seu nome era Ana Custódio, mas nós só a chamávamos de “bruxa”.

Era muito feia, ela; gorda, enorme, os cabelos pareciam palha, o nariz era comprido, ela tinha uma enorme verruga no queixo. E estava sempre falando sozinha. Nunca tínhamos entrado na casa, mas tínhamos a certeza de que, se fizéssemos isso, nós a encontraríamos preparando venenos num grande caldeirão.

Nossa diversão predileta era incomodá-la. Volta e meia invadíamos o pequeno pátio para dali roubar frutas e quando, por acaso, a velha saía à rua para fazer compras no pequeno armazém ali perto, corríamos atrás dela gritando “bruxa, bruxa!”.

Um dia encontramos, no meio da rua, um bode morto. A quem pertencera esse animal nós não sabíamos, mas logo descobrimos o que fazer com ele: jogá-lo na casa da bruxa. O que seria fácil. Ao contrário do que sempre acontecia, naquela manhã, e talvez por esquecimento, ela deixará aberta a janela da frente. Sob comando do João Pedro, que era o nosso líder, levantamos o bicho, que era grande e pesava bastante, e com muito esforço nós o levamos até a janela. Tentamos empurrá-lo para dentro, mas aí os chifres ficaram presos na cortina.

– Vamos logo – gritava o João Pedro -, antes que a bruxa apareça. E ela apareceu. No momento exato em que, finalmente, conseguíamos introduzir o bode pela janela, a porta se abriu e ali estava ela, a bruxa, empunhando um cabo de vassoura. Rindo, saímos correndo. Eu, gordinho, era o último.

E então aconteceu. De repente, enfiei o pé num buraco e caí. De imediato senti uma dor terrível na perna e não tive dúvida: estava quebrada. Gemendo, tentei me levantar, mas não consegui. E a bruxa, caminhando com dificuldade, mas com o cabo de vassoura na mão, aproximava-se. Àquela altura a turma estava longe, ninguém poderia me ajudar. E a mulher sem dúvida descarregaria em mim sua fúria.

Em um momento, ela estava junto a mim, transtornada de raiva. Mas aí viu a minha perna, e instantaneamente mudou. Agachou-se junto a mim e começou a examiná-la com uma habilidade surpreendente.

– Está quebrada – disse por fim. – Mas podemos dar um jeito. Não se preocupe, sei fazer isso. Fui enfermeira muitos anos, trabalhei em hospital. Confie em mim.

Dividiu o cabo de vassoura em três pedaços e com eles, e com seu cinto de pano, improvisou uma tala, imobilizando-me a perna. A dor diminuiu muito e, amparado nela, fui até minha casa. “Chame uma ambulância”, disse a mulher à minha mãe. Sorriu.

Tudo ficou bem. Levaram-me para o hospital, o médico engessou minha perna e em poucas semanas eu estava recuperado. Desde então, deixei de acreditar em bruxas. E tornei-me grande amigo de uma senhora que morava em minha rua, uma senhora muito boa que se chamava Ana Custódio.

 

Os Bichinhos e o Homem

Vinícius de Moraes

 

Nossa irmã, a mosca
É feia e tosca
Enquanto que o mosquito
É mais bonito
É mais bonito

Nosso irmão, besouro
Que é feito de couro
Mal sabe voar
Mal sabe voar

Nossa irmã, a barata
Bichinha mais chata
É prima da borboleta
Que é uma careta
Que é uma careta

Nosso irmão, o grilo
Que vive dando estrilo
Só pra chatear
Só pra chatear

E o bicho-do-pé
Que gostoso que ele é
Quando dá coceira
Coça que não é brincadeira

E o nosso irmão carrapato
Que é um outro bicho chato
E primo-irmão do bacilo
Que é irmão tranquilo
Que é irmão tranquilo

E o homem que pensa tudo saber
Não sabe o jantar que os bichinhos vão ter
Quando o seu dia chegar
Quando o seu dia chegar

 

O bicho

Manuel Bandeira

 

Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.

Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.

O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.

              O bicho, meu Deus, era um homem              

 

 

 

Sequência didática: empoderamento feminino

Trabalhando a temática do empoderamento feminino através de charges

 

Autores:

Andréa Mendonça Cunha;

Cristiano dos Santos;

Joilda Alves de Oliveira;

Karolaine Nascimento dos Santos;

Kely de Carvalho Oliveira.

 

Apresentação

Está sequência didática é resultado da disciplina de Laboratório Para o Ensino de Língua Portuguesa I, do curso de Letras-Português da Universidade Federal de Sergipe, ministrada pela Profª. Drª. Márcia Regina Curado Pereira Mariano do DLI – Departamento de Letras de Itabaiana.

 

Introdução

De acordo com Marcuschi (2008), grande parte dos livros didáticos apresenta uma concepção de língua como simplesmente um código, como algo desconexo, fora da realidade social dos falantes. No entanto, o autor defende que a língua é um fenômeno social, cultural e cognitivo que sofre variações ao longo do tempo e de acordo com os usos. Um texto, por exemplo, pode carregar uma pluralidade de significações a depender do ambiente de divulgação, do público leitor, da sua cultura, do seu tempo, etc. Assim, não é possível que a escola trate o texto como um produto acabado, isolado em si. O texto interage com o leitor, e é a partir de inferências que o texto passa a significar. Portanto, faz-se necessário que a escola e os professores de Língua Portuguesa assumam um trabalho comprometido com a interpretação e a produção textual, orientando os alunos para que sejam leitores ativos, e não aquele que traz apenas respostas esperadas. Neste trabalho, visamos à produção de uma sequência didática que contemple conhecimentos acerca da gramática internalizada, explorando o texto para além de uma simples fonte de palavras e frases soltas. Assim, buscaremos trabalhar com o gênero discursivo charge com o objetivo de desenvolver competências para a interpretação e produção textual dos alunos.

Público-alvo: 8º ano do Ensino Fundamental.

Número de aulas: 4 aulas.

  • MOTIVAÇÃO

1ª Aula (50 min): introduzindo a temática

Na primeira aula, a professora distribui para os alunos a letra impressa da música “o rolê é nosso”, de Karol Conka, apresentando, ainda, o vídeo da música. E entrega também uma folha com algumas charges que tenham como tema o empoderamento feminino. Em grupo, os alunos podem debater os textos e, em seguida, discutir com os colegas e a professora.

Link para acesso ao vídeo: < https://www.youtube.com/watch?v=JTuVCj0l9iA>

Sugestão de charges:

aaa

https://goo.gl/Ym6rqv  

aaa2

https://goo.gl/716xVJ 

Sugestões de pontos que o professor (a) pode esclarecer no debate:

– Mostrar que o empoderamento trata-se de um movimento coletivo em prol de igualdade. Os objetivos podem ser os mais diversos: igualdade de gênero, racial, sexual, religiosa, etc.

-Ressaltar que o empoderamento feminino não deve ser uma luta que somente as mulheres devem aderir. Trata-se de uma luta de todos: homens, mulheres, crianças, adultos, branco, negro, etc.

-Instigar o aluno a relacionar a temática da música com as charges.

Objetivo geral

  • Proporcionar contato com gêneros discursivos diferentes que tratem da temática do empoderamento feminino;

Objetivos específicos

  • Propiciar o contato com os gêneros discursivos;
  • Debater a respeito do empoderamento, verificando se os alunos têm algum conhecimento a respeito do tema;
  • Desenvolver o senso crítico dos alunos.

 

2ª Aula (50mim): Debate em sala: “O que é o empoderamento feminino?”

No desenvolvimento da segunda aula, o professor (a) leva para a turma uma matéria da Carta Capital que tem como título: “O que é o empoderamento feminino?”, o texto foi escrito pela pesquisadora Djamila Ribeiro, e traz muitas questões sobre os porquês e a importância da mulher conquistar seu espaço e lutar por seus direitos. Sugerimos que a leitura seja feita na sala, com todos os alunos, fazendo pausas para destacar ideias centrais ou comentar pontos de destaque. Os alunos podem fazer perguntas ao longo da leitura e manifestar seu ponto de vista, o que caracteriza um debate mediado pelo texto. A matéria citada está em anexo nesta sequência.

Questões para estimular o debate paralelo à leitura:

  • Alguém já conhecia a palavra “empoderamento”? Qual o sentido dessa palavra pra vocês? E agora depois  da leitura dessa matéria?
  • É importante a mulher lutar por seu espaço na sociedade e buscar direitos iguais, por quê?
  • Vocês já ouviram falar sobre machismo? O que entendem dessa prática?

Objetivo geral

  • Conhecer e debater a questão do empoderamento feminino e suas implicações sociais.

Objetivos específicos

  • Estimular o debate em sala de aula;
  • Formação do pensamento crítico;
  • Conhecimento de temas sociais relevantes.

3ª Aula (50 min): Produção de texto: Elaboração de charges em sala de aula

Após apresentação e aprofundamento sobre o tema para os alunos, o professor (a) agora na terceira aula, leva diversas charges com os balões em branco. Divide a turma em grupos e entrega duas diferentes charges para cada um. Com o objetivo de que eles produzam a história e contextualizem com a temática, assim preencham os balões em branco. Essa atividade de produção visa que os alunos produzam ao menos duas charges completando os balões e a terceira deve ser livre, no desenho e no texto, ficando a critério do aluno a história e personagens.  Finalizada a produção de texto, os grupos  seguem os novo direcionamento do professor (a) na próxima aula.

Charges que podem ser levadas para os alunos:

1 2

3

Disponível em: < https://www.google.com.br/search?client=firefox-b&dcr=0&biw=1010&bih=474&tbm=isch&sa=1&ei=yKueWvLDDoOQwgT3xp7ACw&q=empoderamento+feminino+charges&oq=empoderamento+feminino+charges&gs_l:>

Objetivo geral

  • Praticar a produção de texto relacionado com o gênero textual que os alunos tiveram contato, observado se de fato eles compreenderam o tema abordado pelo professor.

Objetivos específicos

  • Instigar o humor e o lado crítico do aluno.
  • Analisar a forma de escrita;
  • Observar se os alunos estão atualizados com assuntos sociais.

 

4ª Aula (50min.): Aula de conclusão: Exposição dos trabalhos produzidos

De acordo com o que foi apresentado na sequência de aulas anteriores, sobre o empoderamento feminino e o gênero textual charge, o professor (a) agora, parte para uma aula dinâmica e expositiva. A aula de conclusão deve ser a confecção de um mural, aproveitando o material produzido pelos alunos, na aula anterior. Utilizando as charges que a turma produziu, para expor o trabalho da turma e levar a temática debatida para além dos limites de sua sala de aula. O mural deve ficar em um lugar de destaque na escola, para que todos possam observar o trabalho produzido pela turma. O professor (a) deve atentar para a coesão e ortografia do que for produzido antes de expor.

Sugestões de murais:

1

2.png

Disponível em: < https://www.google.com.br/search?tbm=isch&q=mural+com+charges&gws_rd=cr&dcr=0&ei=BOqeWraiBJL_zgLi24WgCA

 

Objetivo geral:

  • Proporcionar a produção textual explorando o trabalho coletivo e valorizar o que foi produzido.

Objetivos específicos:

  • Estabelecer relação entre os conhecimentos apreendidos em sala de aula;
  • Instigar a criticidade.

 

 

REFERÊNCIAS:

COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Editora: Contexto, 2009.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual, análise de gêneros e compreensão. São Paulo: Parábola, 2008.

MENDONÇA, Mariana Célia. “Língua e Ensino: políticas de fechamento” In: MUSSALIM, Anna Christina Bentes (orgs.). Introdução à linguística: domínios e fronteiras. 5ª Ed. Cortez, 2006. p. 233-262.

 

ANEXOS

Anexo 1 – Matéria Carta Capital

O que é o empoderamento feminino?

por Djamila Ribeiro — publicado 25/09/2017 00h33, última modificação 22/09/2017 09h37

Nenhuma mulher pode considerar-se moderna enquanto persistirem as desigualdades

O termo empoderamento muitas vezes é mal interpretado. Por vezes é entendido como algo individual ou a tomada de poder para se perpetuarem as opressões. Para o feminismo negro, empoderamento possui um significado coletivo. Trata-se de empoderar a si e aos outros e colocar as mulheres como sujeitos ativos de mudança.

Como diz bell hooks (nascida Gloria Watkins e que adotou o nome de sua bisavó e pede que o usem assim em minúsculo), o empoderamento diz respeito a mudanças sociais numa perspectiva antirracista, antielitista e antissexista por meio das mudanças das instituições sociais e consciência individuais.

Para hooks é necessário criar estratégias de empoderamento no cotidiano, em nossas experiências habituais no sentido de reivindicar nosso direito à humanidade.

Logo, o empoderamento sob essa perspectiva significa o comprometimento com a luta pela equidade. Não é a causa de um indivíduo de forma isolada, mas como ele promove o fortalecimento de outras mulheres com o objetivo de alcançar uma sociedade mais justa para as mulheres.
É perceber que uma conquista individual de uma mulher não pode estar descolada da análise política.

O empoderamento não pode ser algo autocentrado, parte de uma visão liberal, ou ser somente a transferência de poder. Vai além. Significa ter consciência dos problemas que nos afligem e criar mecanismos para combatê-los. Quando uma mulher empodera a si, tem condições de empoderar a outras.
Cada mulher em seu espaço de atuação pode criar formas de empoderar outras. Se for empregadora, pode criar um ambiente de trabalho no qual exista o respeito e que possa atender à demanda de mulheres, principalmente daquelas que são mães, e certificar-se de que não há desigualdade salarial e assédio.
Se é professora, estar atenta aos xingamentos machistas muitas vezes naturalizados como brincadeiras ou chacotas. Tentar promover discussões em salas de aula que tragam a reflexão sobre a situação das mulheres. Criar um grupo na comunidade ou associação do bairro para discutir estratégias de apoio a outras mulheres ou o enfrentamento à violência que possam vir a sofrer.
Significa uma ação coletiva desenvolvida pelos indivíduos quando participam de espaços privilegiados de decisões, de consciência social dos direitos sociais. Essa consciência ultrapassa a tomada de iniciativa individual de conhecimento e superação de uma realidade na qual se encontra. É uma nova concepção de poder que produz resultados democráticos e coletivos.
É promover uma mudança numa sociedade dominada pelos homens e fornecer outras possibilidades de existência e comunidade. É enfrentar a naturalização das relações de poder desiguais entre homens e mulheres e lutar por um olhar que vise a igualdade e o confronto com os privilégios que essas relações destinam aos homens. A busca pelo direito à autonomia por suas escolhas, por seu corpo e sexualidade.

Não é emancipação iludir-se com as novas tecnologias, enquanto persiste a divisão sexual do trabalho, enquanto o eterno feminino se impõe. E, muito menos, seguir em uma lógica de exclusão com outros grupos. Nesse sentido, é preciso cuidar para que conceitos e ferramentas políticas pensadas por feministas diversas não sejam esvaziados de sentido.

Atentar-se para o interesse de marcas com a questão e que, na maioria das vezes, é superficial e temporário. Logo, é fundamental questionar as marcas que se envolvem com o tema, confirmar se existe política de diversidade na empresa, se existem programas para mulheres que são mães para além da camiseta com a frase “girl power”.

Obviamente existe uma relação dialética: o interesse maior por essas pautas deriva da longa história de mobilização dos movimentos, que deram visibilidade a questões extremamente importantes e entenderam que trazer à tona alguns problemas seria o primeiro passo para a dignidade de certos grupos.
É preciso nomear, nos ensinaram as feministas negras. Portanto, há que se cuidar para não haver apropriação puramente mercadológica e deixar de produzir mudanças reais. Em outras palavras, é urgente pensar para além da representatividade, que inegavelmente é importante, mas possui limites.

De volta a Simone de Beauvoir: precisamos discutir a partir da experiência vivida, da concretude. Enquanto persistirem as desigualdades e as imposições de papéis sociais, não será possível considerar nenhuma mulher moderna, por mais que ela tenha o último modelo de smartphone, produzido na lógica capitalista de exploração. Não se pode aceitar que o progresso seja entendido como a manutenção de desigualdades para o benefício de um grupo social.

Pensar feminismos é pensar projetos. É discutir um outro modelo de sociedade pautado por novos marcos civilizatórios. Essa é a utopia pensada por Angela Davis e que precisamos percorrer.

 

 

 

Sequência didática: Violência contra a mulher

SEQUÊNCIA DIDÁTICA

1. DISCENTES:
Geovaneide Santos dos Reis

Márcia Ribeiro dos Santos

 

2. TÍTULO DAS AULAS:
A violência contra a mulher na sociedade

 

3. DATAS: 4. TEMPO DE DURAÇÃO DA AULA: 5. PÚBLICO-ALVO:
12/04/2017 à 17/05/2017 6 aulas de 50 min cada Alunos do 3º ano do Ensino Médio.
6. OBJETIVO GERAL:

Desenvolver com os alunos competências acerca da violência contra a mulher na sociedade– A violência contra a mulher na sociedade – de maneira que os discentes sejam capazes de interpretar e compreender o texto que será trabalhado e a elaborar histórias em quadrinhos sobre o título trabalhado.

7. OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
  •   Tratar sobre violência contra a mulher;
  •   Tratar sobre o autor e a obra estudada;
  •   Levar os alunos a compreender as características da obra;
  •   Instigar os alunos a desenvolverem uma história em quadrinhos;
  •   Tratar do Humanismo.
8. METODOLOGIA:

A aula será iniciada com a motivação que consiste em preparar o aluno para a leitura do texto. As docentes conduzirão as aulas de forma dialógica, interativa, fazendo com que os discentes absorvam o conteúdo apresentado em sala de aula de forma coesa. Durante as aulas, o conteúdo será apresentado de forma expositiva através de slides, vídeo, imagens, leitura bem como de explanações orais pelas professoras, em diálogo com os alunos.

AULA 1: Será apresentado a motivação com o curta-metragem Acorda, Raimundo… acorda! Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=HvQaqcYQyxU > que retrata um dia na vida de Marta e Raimundo, trabalhadores assalariados que enfrentam dificuldades financeiras para cuidar da família — assim como grande parte das famílias brasileiras. Desde a sinopse, o senso comum de compreensão dos papéis sociais que se pré-estabelecem e seguem a lógica de uma divisão sexual do trabalho se destaca: “ela está no papel dele” ou “ele acorda no papel dela”. Mas, colocar em destaque esse imaginário coletivo da naturalização da divisão de tarefas por gênero também não foi por acaso. A grande sacada do curta de Alfredo Alves é trazer de forma reflexiva a possibilidade de um universo invertido — e quão “absurdo” ele poderia parecer, com o propósito de reforçar o diálogo sobre a violência contra a mulher na sociedade. Em seguida será apresentado aos alunos dados referentes da violência contra a mulher.  Esses dados serão apresentados através de gráficos disponíveis pela Central de Atendimento à Mulher e também por gráficos apresentados.

 

AULA 2: Será apresentada a introdução, que consiste na apresentação de dados biográficos sobre o autor Gil Vicente, abordando detalhes sobre sua carreira e suas obras. Também, sobre sua grandiosa obra A farsa de Inês Pereira (1523), que remete as violências contra a mulher citadas e debatidas na aula anterior. Ainda apresentaremos na mesma aula o gênero utilizado, a farsa, e uma introdução sobre o teatro português. Em seguida as docentes distribuirão cópias da farsa de Gil Vicente e solicitarão que a leitura da página 01-12 individual seja feita em casa.

AULA 3: Consiste na leitura solicitada na anterior, o alunado deverá apresentar suas interpretações sobre a primeira parte do texto que foi solicitado para leitura, a partir de questionamentos feitos pelas professoras. Em seguida será feita a intertextualização com imagens, disponível em: <http://geradormemes.com/meme/p6haem&gt;, <http://rodrigozucco.blogspot.com.br/2011/09/mulher-gosta-e-de-dinheiro-quem-gosta.html&gt; acerca do que possa ter levado Inês a sofrer o cárcere e a violência psicológica após seu casamento. Posteriormente as docentes solicitarão novamente a leitura das últimas páginas do texto estudado, sendo da 13-24, para finalizarmos a leitura da obra.

 

AULA 3: Cocapture-20180302-150727

AULA 4: Ainda na atividade de leitura, no início da aula o professor fará explanação das informações dos gráficos passados na primeira aula, sobre os casos estudados, mais especificamente os tipos de violências encontradas no texto que será trabalhado, sendo eles: o cárcere privado e a violência psicológica. Posteriormente será feito um debate sobre a última parte solicitada para leitura, páginas 13-24, levando em conta os aspectos trabalhados sobre a violência que Inês sofreu após seu casamento. Logo após, será apresentado ao alunado um questionário sobre o assunto abordado no texto.  Em seguida será requisitado o início da elaboração, em casa, de uma história em quadrinhos sobre a compreensão de cada aluno acerca do texto estudado e sua relação com o tema abordado.

Questionário:

1-   Acerca da leitura, quais aspectos da obra que se relacionam com o discurso apresentado na primeira aula?

2-   Como se deram essas violências sofridas por Inês?

3-   Como Gil Vicente aborda a personagem Inês Pereira em alguns trechos da peça?

4-   A farsa de Inês Pereira pode ser trabalhada sobre outra perspectiva?

 

AULA 5: Levando em conta a interpretação, as docentes auxiliarão no término dos quadrinhos solicitado a turma. Logo após verificaremos se há possíveis dúvidas a respeito do tema e do texto estudado nas aulas anteriores.

AULA 6: Será confeccionado com a ajuda dos docentes, um varal com os quadrinhos produzidos pela turma, que será exposto no pátio do colégio.

9. RECURSOS DIDÁTICOS:

  •   Notebook;
  •  Data show.
  • Cópia do texto estudado;
  • Folha sulfite e lápis de cor para produção dos quadrinhos;
  • Barbante e pregadores para confecção do varal.
10.CONTEÚDO CIENTIFICO ABORDADO:
  1.  Dados sobre a violência contra a mulher;
  2.  Dados sobre o autor Gil Vicente;
  3. Características da obra A Farsa de Inês Pereira.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006b.

EBC, Queixas de violência doméstica pelo 180 aumentam 133% este ano em relação a 2015, disponível em: < http://agenciabrasil.ebc.com.br/geral/noticia/2016-08/queixas-de-violencia-domestica-pelo180-aumentam-133-este-ano-em-relacao-2015&gt;, acessado em 04 de abril de 2017.

Acorda, Raimundo… acorda! Disponível em: < <https://www.youtube.com/watch?v=HvQaqcYQyxU >, acessado em 04 de abril de 2017.

VICENTE, Gil, 1465- 1536. O velho da horta; Alto da Barca do Inferno; Farsa de Inês Pereira/ Gil Vicente; Introdução, comentários e estabelecimentos de textos Segismundo Spina. – 38.ed- Cotia, SP: Ateliê editorial, 2007.

VICENTE, Gil, 1465-1536. Farsa de Inês Pereira. PDF disponível em: <http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bv000111.pdf&gt;, acessado em 12 de abril de 2017.