SEQUÊNCIA DIDÁTICA GÊNERO CONTO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

CAMPUS DE ITABAIANA/SE

MESTRADO PROFISSIONAL DE LETRAS 

ANNE ALESSANDRA CRUZ RIBEIRO 

SEQUÊNCIA DIDÁTICA GÊNERO CONTO

“Chamamos céu aquele azul, depois do primeiro beijo” Maria Pilar Alberdi

APRESENTAÇÃO

A presente sequência didática foi solicitada como requisito avaliativo da disciplina Leitura do Texto Literário, no curso de Mestrado pelo Profletras, ministrada pela prof.ª. Dra. Jeane de Cássia N. Santos, na Universidade Federal de Sergipe, campus Prof. Alberto Carvalho, Itabaiana/Sergipe.

INTRODUÇÃO

A sequência didática trabalhará com o gênero conto. O conto pode ser considerado uma narrativa mais familiar para o aluno das séries iniciais do Ensino Fundamental II, por isso receberá maior ênfase. Todavia, serão utilizados outros gêneros, a fim de que o aluno possa estabelecer comparações e identifique o conto de forma mais fácil.

Esta sequência foi construída baseada no modelo de sequência básica de Cosson (2011) e segue as subdivisões sugeridas pelo autor:  motivação, introdução, leitura e interpretação, sendo estas linearmente desenvolvidas.

No primeiro momento, o da motivação, o aluno desfrutará de uma série de textos que introduzem o tema de forma leve e dinâmica, através de gêneros diferentes do gênero principal, preparando-o para receber o texto. O segundo momento, trata sobre a apresentação de breves informações sobre o autor (a), bem como de algumas obras, sendo este momento denominado de introdução. Em seguida, ocorre o momento principal da sequência didática, o da leitura do texto, em que o aluno entrará em contato com o texto principal; aqui, a leitura poderá ser sugerida pelo professor de várias formas, dentre as quais podem ser citadas a leitura individual, em grupo, silenciosa ou não, entre outros. Já se tratando de textos curtos, a leitura deverá ser realizada preferencialmente na sala de aula. Por fim, no último momento, o da interpretação, quando espera-se que o aluno infira sentido ao texto lido, almeja-se que o aluno estabeleça relação entre todos os momentos apresentados anteriormente, visto que, objetivaram corroborar com a compreensão do texto, sendo este o momento no qual o aluno expõe aquilo que aprendeu.

OBJETIVOS GERAIS

  • Proporcionar o conhecimento do texto literário, incentivando e conscientizando os alunos sobre a importância da leitura para o seu desenvolvimento e ampliação cultural.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Desenvolver o prazer pela leitura literária utilizando o gênero conto;
  • Relembrar as principais características dos textos narrativos e os elementos do conto;
  • Discutir sobre as emoções que podem estar relacionados ao ato de beijar;
  • Identificar os diferentes tipos de beijo e as emoções que estão relacionadas a cada um deles;
  • Introduzir o tema central da obra “descoberta da sexualidade”, de forma leve;
  • Proporcionar o conhecimento e a troca de ideias sobre a temática.

GÊNERO: Conto

TEMA:  O beijo: diferentes tipos e emoções.

PÚBLICO ALVO: 6º ano ou 7º ano do Ensino Fundamental II

NÚMERO DE AULAS: 6 aulas de 50 minutos.

RECURSOS UTILIZADOS: Notebook, Datashow, caixa de som, ou lousa digital multimídia, papel A4 para cópias de textos.

DESENVOLVIMENTO DA SEQUÊNCIA

  1. Motivação

1ª Aula (50 min):

O professor deverá introduzir a aula de forma bem descontraída, contando algumas piadas que falem sobre o primeiro beijo. Após contar as piadas que conhece, deverá contar a piada sugerida para neste trabalho, e apresentá-la na lousa, para então iniciar os questionamentos propostos.

TEXTO 1- Piada

Como dar um primeiro beijo

Uma menina de sete anos admitiu, calmamente para seus pais, que Joãozinho havia lhe dado um beijo depois da aula.

– E como aconteceu isso? – perguntou a mãe assustada.

– Não foi fácil, – admitiu a pequena garotinha – mas três meninas me ajudaram a segurá-lo.

 

 

Disponível em: http://www.piadas.com.br/

QUESTIONAMENTOS SOBRE O TEXTO 1

  • Quais são os personagens apresentados na piada?
  • O título da piada correspondeu as suas expectativas?
  • A menina afirma que Joãozinho havia lhe dado um beijo. Você concorda com essa afirmação?
  • Por que a mãe se assustou com a informação apresentada pela filha?
  • Qual frase carrega o humor da piada?
  • Joaozinho beijou a menina como prova do seu amor por ela? Justifique sua resposta.
  • Quantos anos a garota tinha quando deu seu primeiro beijo?
  • Existe uma idade mínima para dar o primeiro beijo? A idade que a garota se encontrava era ideal para realizar o ato de beijar? Justifique.
  • Existe algum elemento explícito que colabore para a confirmação da parte do corpo em que o beijo foi dado? É possível confirmar o sentimento da garota por Joãozinho?
  • Que tipo de beijo vocês conhecem e quais sentimentos podem vir atrelados a esses diferentes beijos? Sugerir debate sobre beijo entre namorados, amigos, pais e filhos, beijos de saudação, despedida, apresentação, entre outros.

Dando continuidade, o professor introduzirá o tema “a primeira vez que…”, dando os alunos um tempo mínimo de 5 minutos para lembrar sobre algo que realizaram pela primeira vez, descrevendo a situação, o local, o momento e a emoção que sentiram realizar aquele fato pela primeira vez. O fato poderá ser antigo ou recente. Espera-se que a partir da motivação inicial, os alunos sintam-se encorajados a relatar sobre o primeiro beijo, porém não deverá ser exigido essa temática. Os relatos devem ser contados de forma natural e verdadeira.

O professor deverá permitir que os alunos tomem ciência de que os relatos serão apresentados oralmente para toda a classe, a fim de se evitar algum tipo de constrangimento. Após prévia observação e análise dos depoimentos, o professor convidará aos alunos para exporem seus relatos, deixando propositalmente para o final aqueles relatos que remetam ao tema central.

2ª Aula (50 min):

A aula inicia-se com a exposição de diferentes vídeos que contém trechos de filmes com recortes de cenas de beijo, com o intuito de chamar a atenção para diferentes tipos de beijos. A exposição dos vídeos poderá ser ampliada de acordo com os conhecimentos do professor; seguem alguns vídeos sugeridos.

Vídeo 1-  Shrek

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=aNtVrACEUoU

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Vídeo 2-  A Bela e a Fera

Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=bVwd5lJruYs

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Após exibição dos trechos de filmes, iniciam-se os questionamentos:

  • Há diferença entre os beijos?
  • O efeito causado pelo beijo foi o mesmo nos dois filmes?
  • No primeiro vídeo, o que significa dizer que alguém assumirá a sua verdadeira forma?
  • Ainda sobre o primeiro vídeo, por que Fiona não voltou a ser a princesa de antes?
  • No segundo filme, a Fera transforma-se em príncipe após ser beijado. Você acredita que o beijo causaria esse efeito em alguém na vida real?
  • Se pudéssemos substituir a Fera e o próprio beijo por coisas reais, que significados você daria a esses elementos? O que eles representam?

Assim que se encerrarem os questionamentos sobre os filmes, o professor expõe as imagens na lousa e inicia uma análise simples sobre os diferentes beijos apresentados nas obras. As observações serão feitas livremente pelos alunos e no final dos argumentos dos alunos o professor apresenta breves comentários sobre as telas.

 

Inicia-se uma roda de conversa sobre o primeiro beijo, com o intuito de tecer comentários sobre o tema e fazer um levantamento de conhecimento prévio sobre sexualidade. Questionamentos devem ser levantados pelo professor, tais como: você já beijou? Com quantos anos você deu o primeiro beijo? Se lembra onde e quando ocorreu? O que sentiu ao beijar pela 1ª vez?

Durante a discursão o professor pode introduzir algumas curiosidades sobre o beijo para descontrair e a roda de conversa não se tornar um interrogatório constrangedor. As curiosidades podem ser relacionadas à origem do beijo, o significado do beijo para diferentes culturas dos países ou curiosidades mais simples, como as apresentadas a seguir.

1ª CURIOSIDADE

10% do mundo simplesmente não beija

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Pois é. A gente sabe que parece errado isso aí, mas é verdade. Vamos aos fatos: a Ilha de Mangaia, que também é a ilha mais antiga do Oceano Pacífico, só foi saber o que era beijar em 1700, quando os ingleses chegaram com a novidade.

A verdade é que, mesmo agora, há 10% da população mundial que simplesmente não beija. Há muitos motivos para isso: em algumas áreas do Sudão, por exemplo, as pessoas não têm esse costume porque acreditam que a boca é a janela da alma. Beijar seria, portanto, uma forma de ter suas almas roubadas.

Fonte: https://www.megacurioso.com.br/corpo-humano/45532-delicie-se-com-estas-7-curiosidades-interessantes-sobre-o-beijo.htm

2ª CURIOSIDADE

Não somos os únicos

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Outros animais além de nós, humanos, também costumam trocar beijos. É o caso dos chimpanzés, que trocam beijinhos depois de uma briga. Há diversos estudos que já comprovaram que outros primatas têm o costume de beijar. E, além deles, vale falar das suricatas e dos elefantes, que também beijam e demonstram afeto.

Fonte: https://www.megacurioso.com.br/corpo-humano/45532-delicie-se-com-estas-7-curiosidades-interessantes-sobre-o-beijo.htm

  1. Introdução

3ª Aula (50 min):

O que é o gênero conto?

O professor inicia indagando a turma sobre o que é um conto, se já conheciam ou já tinham ouvido falar. Em seguida, apresenta uma definição breve do gênero, seus elementos e aspectos principais. Posteriormente, solicita que a classe comente se já leram ou escreveram um conto e pede para comentar sobre eles. Caso eles não lembrem, instiga os sobre o conhecimento de contos de outros autores, à medida que justifica o motivo pelo qual consideram a história que apresentaram como um conto, citando assim suas características e elementos.

Após apresentar o gênero conto, que será trabalhado em sala, o professor apresenta a autora e a obra. Inicialmente fala sobre a autora, Clarisse Lispector, atendo-se a informações importantes sobre a vida e obra dela, especialmente para a obra Felicidade Clandestina (Contos 1971), por tratar-se de uma coletânea de contos, de onde o conto principal foi extraído, inferindo também os conhecimentos dos alunos, se já o conheciam ou leram alguma obra.

Após essa primeira apresentação do autor e obras o professor poderá levar os alunos ao laboratório de informática para acessarem ao blog dedicado a autora ou o próprio professor pode usar o próprio Datashow e conduzir a visita ao blog com todos os alunos assistindo. Para despertar maiores curiosidades sobre a autora e obras.

Neste momento de apresentação é imprescindível que o professor disponibilize obras da autora que estejam disponíveis na biblioteca da escola ou da cidade.

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https://claricelispector.blogspot.com.br/

  1. Leitura

4ª Aula (50 min):  leitura do texto

É o momento em que ocorre a disponibilização dos textos para os alunos, com a apresentação e leitura do conto (O Primeiro Beijo) de Clarisse Lispector.

Antes da leitura do texto, levanta-se hipóteses sobre o que os alunos esperam de acordo com o título do texto, para então solicitar a leitura silenciosa e individual por parte dos alunos.

Após leitura deve-se pedir aos alunos que identifiquem os vocábulos que julgarem de difícil entendimento e que efetuem pesquisa no dicionário para não prejudicar a compreensão geral do texto.

TEXTO

O Primeiro Beijo – Conto de Clarice Lispector

Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos, era o amor. Amor com o que vem junto: ciúme.

– Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar? Ele foi simples:

– Sim, já beijei antes uma mulher.

– Quem era ela? perguntou com dor.

Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer.

O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir – era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.

E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do motor, rir, gritar, pensar, sentir, puxa vida! Como deixava a garganta seca.

E nem sombra de água. O jeito era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na boca ardente engulia-a lentamente, outra vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede enorme maior do que ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.

A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio dia tornara-se quente e árida e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava.

E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou por instantes mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar, esperar. Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos.

Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.

O instinto animal dentro dele não errara: na curva inesperada da estrada, entre arbustos estava… o chafariz de onde brotava num filete a água sonhada. O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.

De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga. Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se saciar. Agora podia abrir os olhos.

Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água.

E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra.

Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma mulher que sai o líquido vivificador, o líquido germinador da vida…. Olhou a estátua nua.

Ele a havia beijado.

Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva. Deu um passo para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia. Perturbado, atônito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.

Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar. A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil.

Até que, vinda da profundeza de seu ser, jorrou de uma fonte oculta nele a verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais sentido: ele…

Ele se tornara homem.

“Felicidade Clandestina” – Ed. Rocco – Rio de Janeiro, 1998

Antes de realizar a interpretação propriamente dita, o professor poderá fazer a leitura do texto em voz alta, seguido de perguntas que possibilitem a compreensão dos seguintes aspectos: Identificação do gênero, descoberta dos elementos da narrativa e identificação da temática.

  1. Interpretação

5ª e 6ª Aula (50 min cada):

Neste momento inicia-se a interpretação do texto, observando-se a intertextualidade entre os diferentes gêneros apresentados, como a piada, as narrativas áudio visuais, as obras de arte e o próprio conto, a partir dos seguintes questionamentos:

  • Há alguma relação entre os textos apresentados? Em caso positivo, qual?
  • Os beijos apresentados fora todos iguais? Você identificou algum diferente? Se sim, o que o caracterizou como diferente dos demais?
  • Quais os significados que os beijos podem carregar?
  • No conto “O Primeiro Beijo”, qual sentimento foi despertado no garoto quando deu seu primeiro beijo?
  • Que parte do conte te chamou mais atenção?
  • Onde e quando a história acontece?
  • Quais os personagens envolvidos e quem é o protagonista?
  • Que sentimento foi despertado na namorada do protagonista durante a viagem?
  • Como você reagiria se fosse a namorada do protagonista entes dele contar a história e depois de contá-la?

Em caso de surgir muitos comentários sobre ciúmes, dor e sentimentos negativos que acompanham os namoros, o professor poderá abordar essa temática com a música (Era uma vez) de Kell Smith, disponível em https://www.youtube.com/watch?v=xJNKT9HAXRc. Caso não julgue necessário, deverá avançar para a parte 2 de produção textual.

Era Uma Vez

Kell Smith

Era uma vez
O dia em que todo dia era bom
Delicioso gosto e o bom gosto das nuvens
Serem feitas de algodão
Dava pra ser herói no mesmo dia
Em que escolhia ser vilão
E acabava tudo em lanche
Um banho quente e talvez um arranhão
Dava pra ver, a ingenuidade a inocência
Cantando no tom
Milhões de mundos e os universos tão reais
Quanto a nossa imaginação
Bastava um colo, um carinho
E o remédio era beijo e proteção
Tudo voltava a ser novo no outro dia
Sem muita preocupação

É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido
É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido

Dá pra viver
Mesmo depois de descobrir que o mundo ficou mau
É só não permitir que a maldade do mundo
Te pareça normal
Pra não perder a magia de acreditar na felicidade real
E entender que ela mora no caminho e não no final
É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido
É que a gente quer crescer
E quando cresce quer voltar do início
Porque um joelho ralado
Dói bem menos que um coração partido

PARTE 2

Para encerrar o estudo do texto e da temática é possível fazer uma pequena coleta de dados para produção de painel para expor na classe ou um painel digital que deverá ser lançado na internet ou nas redes sociais da escola, caso a escola possua.

Para a produção do painel segue-se os seguintes passos:

  • Realizar pesquisa de campo na própria comunidade escolar, interrogando alunos de outras classes e funcionários em geral, com o intuito de coletar depoimentos sobre o primeiro beijo ou primeiro namoro e as emoções boas e ruins que estavam ligadas a eles. Sempre mantendo os entrevistados informados sobre a utilização dos dados e recolhendo autorização dos mesmos;
  • Coletar imagens que remetam aos sentimentos apresentados nos depoimentos;
  • Produzir um final diferente para o conto, seja ele fictício ou aproveitando-se dos depoimentos recolhidos. O professor poderá levantar o questionamento a seguir: Como você continuaria a história? Você poderá escolher apresentar a reação da namorada diante dos fatos para continuar o conto ou apresentar uma nova versão do próprio protagonista para mostrar um final diferente;
  • Produção do painel com todos os elementos anteriores.

SEQUÊNCIA DIDÁTICA: GÊNERO CONTO

Universidade Federal de Alagoas – UFAL

Campus do Sertão – Unidade de Delmiro Gouveia-AL

Disciplina: Projetos Integradores

Docente: Sara de Miranda Marcos

Discentes: Aucilane Santos Aragão; Janaíne Januário; Maria das Graças dos Santos Correia; Mayara Xavier

SEQUÊNCIA DIDÁTICA: GÊNERO CONTO

DISCIPLINA: Língua Portuguesa

JUSTIFICATIVA:

A escolha deste conteúdo, se deu pelo reconhecimento da importância do trabalho com Literatura no Ensino Fundamental, aulas tão raras e precárias quando se refere à Literatura, leitura e produção. Haja vista que a preferência quase exclusiva é dada a gramática normativa como único meio de estudar e entender à língua. No entanto, está sequência didática abre possibilidades para diversos caminhos ao trabalhar a leitura, interpretação de texto, oralidade, escrita e mecanismos textuais, que estão para além da gramática. Além de abordar também a gramática, não de forma exclusiva e isolada de contextos de produções, mas interagindo com demais recursos para levar os alunos ao desenvolvimento cognitivo e a ampliar suas competências linguísticas.

OBJETIVOS:

  • Compreender o conceito do gênero conto e seus tipos;
  • Instigar a imaginação dos alunos;
  • Desenvolver a literariedade nos discentes.
  • Desenvolver a leitura;
  • Exercitar a escuta;
  • Praticar a escrita;
  • Trabalhar a oralidade;
  • Estudar questões de gramática a partir das produções textuais dos alunos.

CONTEÚDOS:

  • Conto, estrutura, características e tipos (conto de fadas/de encantamento/ maravilhosos, conto de animais, contos de ação/enigma/mistérios, contos eletrônicos e contos religiosos);
  • Leitura e Interpretação textual;
  • Escrita de conto, coesão e coerência, organização do texto;
  • Conectivos;
  • Pontuação;
  • Concordância verbal e nominal.

DURAÇÃO:

  • 20 aulas (tempo flexível a mudanças de acordo com o desenvolvimento das aulas/atividades realizadas);
  • 50min cada aula.

TURMA ALVO:

  • 9º ano do Ensino Fundamental II

RECURSOS:

  • Data show; piloto; Impressão dos “Contos de Enganar a Morte”; papel; lápis; caneta, TNT.

METODOLOGIA:

Trabalhar o gênero Conto e seus tipos, objetivando o reconhecimento do conteúdo pelos discentes e o desenvolvimento/despertar da literariedade por meios de aulas tanto expositivas, quanto aulas práticas a fim de contemplar nas atividades a oralidade, a leitura, a escrita e questões de gramática (a partir das produções textuais produzidas pelos alunos).

ATIVIDADE 1 – ORALIDADE:

  • Perguntar aos alunos no momento inicial sobre o que eles entendem por conto e se sabem a diferença entre conto e as demais narrativas como fábula, por exemplo;
  • Questionar sobre quais contos eles já ouviram, quem contou e qual conto foi;
  • Indagar se eles já leram algum conto. Se sim, onde foi? Se na escola, em casa ou em outro lugar; se lembram de algum para compartilhar com a turma;
  • Provocar indagações e ouvir os alunos para, em um segundo momento, explicar por meio de aulas expositivas sobre o conto, a estrutura e seus tipos.
  • No final de todas as atividades, questionar os alunos a respeito do que acharam da atividade, dos problemas/dificuldades que surgiram e os pontos positivos no culminar de todo trabalho desenvolvido.

Critérios de avaliação (avaliação processual):

  • Participação nas atividades propostas.

ATIVIDADE 2 – LEITURA:

  • Dividir a sala em quatro grupos. Entregar um conto para cada grupo, para que num primeiro momento seja feita uma leitura prévia e uma releitura do conto e em seguida um reconto por dois integrantes do grupo para os demais colegas sobre a história/enredo;
  • Cada grupo ficará com um conto da coletânea “Contos de Enganar a Morte” do escritor, ilustrador e pesquisador Ricardo Azevedo;
  • Primeiro grupo, conto: “O homem que via a morte”;
  • Segundo grupo, conto: “O último dia na vida do Ferreiro”;
  • Terceiro grupo, conto: “O moço que não queria morrer”;
  • Quarto grupo, conto: “A quase morte de Zé Malandro”.
  • Após a leitura e releitura dos contos cada grupo irá socializar a história/enredo do conto que leram para os demais, não em forma de leitura, mas como um relato;
  • Em seguida, pedir aos grupos para gerarem discussões acerca dos contos, deixando-os desinibidos para contar sobre o que leram e também ouvir os colegas, dessa forma, eles estarão relatando suas experiências, interagindo com os outros grupos e com os próprios textos;
  • Depois da leitura e do reconto, levar os alunos a identificarem nos contos, a linguagem, qual a finalidade do gênero, elementos da narrativa, entre outros.

Critérios de Avaliação (avaliação processual):

  • Participação na atividade.

ATIVIDADE 3 – ESCRITA:

  • Solicitar que os alunos escrevam, individualmente, um conto com tema livre, a critério deles.
  • Explicar sobre os elementos textuais necessários em um texto (gerais: coesão, coerência, conectivos, pontuação; e específicos do gênero: início, desenvolvimento, clímax e desfecho, além do tempo, espaço, personagens, cenário da trama, etc.).
  • Orientar a atividade deixando claro alguns aspectos na produção de um texto que os alunos têm que atentar: quem escreve, para quem está escrevendo (qual publico será alvo dessa leitura), sobre qual assunto e com que objetivo.
  • Tirar dúvidas durante a escrita dos alunos quanto à pontuação, ortografia, concordância e questões gramaticais de forma geral.
  • Solicitar que leiam para os colegas o conto produzido por eles e entreguem o texto escrito ao professor.

Critérios de avaliação (avaliação processual):

  • Participação na atividade;
  • Estrutura, conforme a de um conto. Presença de um início, um desenvolvimento, clímax e desfecho.
  • Coesão e coerência na escrita;
  • Ortografia;
  • Criatividade e originalidade.

ATIVIDADE 4 – GRAMÁTICA:

  • Explicar sobre concordância verbal e nominal;
  • Explicar sobre conectivos utilizados como elementos produtores de sentidos;
  • Pedir para os alunos que releiam o conto escrito e identifiquem os conectivos usados por eles no texto e que substituam por outros a fim de o sentido permanecer o mesmo, haja vista que a realização deste critério incitará que o professor reconheça se os alunos entenderam não apenas o que são conectivos, mas, principalmente sua função no texto.
  • Explicar sobre pontuação;
  • Pedir aos alunos que façam uma narrativa curta sem concordância, sem uso de conectivos e sem pontuação. Para mostrá-los que o texto ficará com o entendimento comprometido sem o uso destes recursos.

Critérios de avaliação (avaliação processual):

  • Participação na atividade;
  • Desempenho;

ATIVIDADE 5 – PESQUISA (trabalho em grupo – fazer em casa e entregar      na aula):

  • Cada grupo terá que escolher um conto contemporâneo, pesquisar sobre esse tipo de conto e fazer um contraponto com os contos tradicionais, relatando sobre as semelhanças – o que ambos, apesar de possuírem requisitos distintos possuem de parecidos que se configuram dentro do gênero Conto e as diferenças que os separam na classificação de conto tradicional e conto contemporâneo, justificando as características de ambas as categorias.
  • Sugerir a leitura do texto: “Literatura Infanto Juvenil: Dos Contos De Fadas Às Narrativas Contemporâneasde Estefania Maziero e Silvia Helena Niederauer.
  • Pesquisar sobre o autor do conto escolhido (vida e obra).
  • Entregar a pesquisa digitada ao professor e numa roda de conversa, contar sobre a estória do conto para os colegas e sobre o autor de determinado conto –vida e obra.
  • Estabelecer na roda de conversa, os contrapontos entre conto tradicional e conto contemporâneo.

Critérios de avaliação (avaliação processual):

  • Participação na atividade;
  • Clareza;
  • Objetividade;
  • Embasamento teórico.

ATIVIDADE 6 – DINÂMICA (DRAMATIZAÇÃO):

  • Em grupo, pesquisar um conto para dramatizar;
  • Trabalhar dicção, falar de expressões corporais, entonação e altura da voz, postura, sugerir que vejam vídeos de dramatizações no Youtube;
  • Elaborar/organizar as falas dos personagens;
  • Exibir o vídeo “Coletânea de dramatizações – A desejada das gentes e outros contos – Machado de Assis”, para os alunos entrarem no clima e pensarem em como irão dramatizar. Sugerir que eles assistam a outros vídeos de interpretação/dramatização.
  • Mostrar aos alunos um exemplo de organização de personagens e falas do enredo por meio de uma organização já pronta intitulada de “Deu a louca nos contos de fadas”, de Alex Nascimento.
  • Confeccionar as vestimentas dos personagens com TNT;
  • Sugerir que marquem ensaios extra-aulas.
  • Apresentação no pátio da escola de todos os grupos.

Critérios de avaliação (avaliação processual):

  • Participação em todas as etapas da atividade, da escolha do conto a ser dramatizado ao resultado final da apresentação.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

 “Definindo conceitos – o que é um conto?” Disponível em: < http://www.aridesa.com.br/servicos/click_professor/aline_duarte/conto.pdp&gt;. Acesso em 10 de outubro de 2016

Tiro de letra. Criação literária: estrutura do conto. Disponível em: <http://www.tirodeletra.com.br/ensaios/LiteracriaEstruturadoconto.htm&gt;. Acesso em: 10 de outubro de 2016.

AZEVEDO, Ricardo de. Contos de Enganar a Morte. Editora Ática, 2003.

LADEIRA, Julieta de Godoy; TUFANO, Douglas; NÓBREGA, Maria José. Antologia de contos – contos brasileiros contemporâneos. Salamandra, 2005.

NASCIMENTO, Alex. Deu a louca nos contos de fadas.

MAZIERO, Estefania; NIEDERAUER, Silvia Helena. LITERATURA INFANTO JUVENIL: DOS CONTOS DE FADAS ÀS NARRATIVAS CONTEMPORÂNEAS. Disc. Scientia. Série: Artes, Letras e Comunicação, S. Maria, v. 10, n. 1, p. 111-128, 2009.

Vídeo: “HD | Coletânea de dramatizações – A desejada das gentes e outros contos – Machado de Assis”, publicado por Daniel Cheles, em 22 de Junho de 2013. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=UOakApLIfpI&gt;