A farsa do velho da horta: analisando o amor não correspondido de um velho para com uma moça
Autoras:
Daniela Guimarães Santos
Taislany dos Santos
Identificação
Este trabalho é resultado da disciplina de Literatura Portuguesa II, ministrada pela Profª. Dr. Jeane de Cássia Nascimento Santos, no curso de Letras-Português da Universidade Federal de Sergipe, campus Prof. Alberto Carvalho, Itabaiana/Sergipe.
SEQUÊNCIA DIDÁTICA
Tempo e duração de cada aula: 7 aulas de 50 minutos cada
Público alvo: 1º ano do ensino médio
Objetivo Geral:
Desenvolver com os alunos competências e habilidades de leitura sobre o tema abordado – A farsa do Velho da horta – de Gil Vicente, de maneira que eles sejam preparados para a realização dos objetivos, que visamos serem alcançados, ao fazerem uma adaptação da obra a partir do que será apresentado em sala.
Objetivos Específicos:
- Tratar do tema: O amor Não Correspondido;
- Abordar como Gil Vicente apresenta a obra;
- Incentivar os alunos a se interessarem pela obra e a partir dela fazer uma; adaptação com uma linguagem atual.
Motivação:
1ª aula: Na primeira aula com duração de 50 minutos, seria apresentado um videoclipe de uma música com tema relacionado à peça – A farsa do velho da horta; Nele seria mostrada uma história de amor entre um rapaz e uma moça. Ele faz de tudo para conquistá-la, mas ela não oferece nenhuma chance. Depois de verem o videoclipe, a professora (a) deveria explicar aos alunos o objetivo da exibição do vídeo e como ele irá auxiliá-los nas próximas aulas, posteriormente fariam a relação do videoclipe com um texto que traz o mesmo tema.
Link do videoclipe: http://palcomp3.com/rockinronald/amor…
Ronaldo Gomes/ André Elias vocal
Introdução:
2ªaula: Na segunda aula com duração de 50 min. A professora (o) mostraria através de um resumo retirado do site “Mundo do vestibular”, em que período Gil Vicente escreveu a obra A farsa do velho da horta e apresentaria imagens de outras obras do autor, também faria uma introdução sobre o conceito do período literário Humanismo.
Fonte: https://pt.slideshare.net/mobile/TMQBarata/vida-e-obra-de-gil-vicente-14956032
Leitura:
Na 3ª e 4ª aulas, com duração de 50 min. A professora (o) dividiria a obra em duas partes, sendo que na 1º parte os alunos leriam da página 1 à 5 em sala de aula. Após a leitura haveria um debate entre os alunos que seriam intermediados pela professora (o). Logo após, seria apresentado um poema: “O Velho Namorado”. O poema trata de um velho que queria casar com uma mocinha, ele vai até a casa da jovem para pedi-la em casamento, mas ela não aceita e ainda zomba do velho pedindo-lhe a benção. Na 4ª aula os alunos iriam terminar a leitura da peça e através de um questionário oral feito pela professora (o), fazendo uma relação entre o videoclipe, mostrado na primeira aula, a partir disso a turma poderia dar sua opinião sobre a temática abordada.
Link para o poema: https://pt.wikisource.org/wiki/O_Velho_Namorado
Interpretação:
Seriam utilizadas três aulas de 50 minutos cada uma. Na 5ª aula, a professora (o) fará um questionário oral sobre a obra A farsa do velho da horta. Na 6ª aula, os alunos fariam uma adaptação da obra em uma linguagem atual, recebendo auxílio da professora (o). Para a 7ª e última aula, a turma encenaria a peça utilizando a adaptação elaborada por eles, apresentando para a turma.
Materiais: Datashow, notebook e caixa de som.
Anexos:
1º questionário oral 1:
1) Que relação existe entre A farsa do velho da horta e o videoclipe apresentado na 1º aula?
2) Como é abordado o assunto do amor não correspondido no videoclipe?
2º questionário oral 2:
1) Como Gil Vicente aborda o amor do velho pela mocinha?
2) Quais os recursos que o velho utiliza para fazer com que a moça se apaixone por ele?
3) Como o velho se sente ao ver a moça na horta e perceber que ela não sente nada por ele?
O Velho Namorado
Luís Gama
Pobre velho! Estás perdido
Se n’esse couro tão duro,
Pôde ainda fazer-te um furo
Uma setta de Cupido!
D’esse mal accommetido,
Remedio te não darão;
Que nessa idade a paixão,
Bem que assim te não pareça,
E’ moléstia da cabeça,
Que não sente o coração
Um velho demente,
Mimoso ratão,
Fiado em Cupido,
Quiz ser Maganão.
Janeiros sessenta
Contava o patola,
Com rugas na cara,
Com ar de farçola.
Gorducho e roliço,
Qual porco catête;
Cabeça de coco,
Nariz de pivete.
De pança crescida,
Andar de garoto,
Franzido sobr’olho,
Olhar de marôto,
Cedendo á loucura,
Que d’elle zombava,
A barba e cabello
Cuidoso pintava.
Brunia os sapatos,
O fato escovava;
Na dextra grosseira
Bengalla empunhava.
Se via á janella
Mocinha dengosa;
De lindo semblante
E labios de rosa:
Então, derretido,
O velho lapuz,
Saltava, gingava,
Qual joven de truz.
Se a bella formosa,
Por mofa, sorria,
O pobre do punga
Alentos bebia.
Assim pretendia
Esposa encontrar,
Que a sua rabuje
Quizesse aturar.
Eis chega-se o dia
De amor inspirado
Enfeita-se o asno,
Assim preparado.
Da cara deidade
Trepando as escadas,
Com furia de bravo,
Dá quatro palmadas!
Lá corre a criada,
Mulata faceira,
De porte agradavel,
Nos modos brejeira;
E vendo o basbaque
A’ moda vestido,
Exclama, sorrindo:
“Que lindo Cupido!…
“Bonita casaca.
“Collete bordado;
“Chapéo de patente,
“Cabello pintado!…
“Vem tao bonitinho!…
“A quem quer fallar?
“— Co’a dona da casa
“Desejo tractar.”
Escanc’ram-se as portas,
Lá entra o velhote,
De negra azeitona
Redondo ancorote.
Eis chega a matrona
Que a casa dirige;
D’aquella visita
A dona se afflige.
Tambem vem com ella
Formosa menina,
De louros cabellos
E face divina.
“Que ordenas, pergunta,
“Illustre mancebo?”
Estufa-se o lorpa,
Cupido de sebo!
Prepara a garganta,
Tomando postura,
A’ frente se põe
Da prenda futura.
E qual orador,
Em pleno auditorio,
O gebas começa
O seu palanfrorio:
O′ Venus pudibunda, sem igual,
A teus pés aqui tens este animal,
Que vencido de amor pelos teus gestos,
Curvado te apresenta os seus protestos!
Vencestes do bigode — autoridade,
Do soldado a cruel severidade!
Este todo que vês tão rijo e duro,
Em borra ficará para o futuro;
Este peito que bate só por ti,
Já rendido e quebrado o tens aqui.
Guerreiro das campanhas cupidarias,
Dos mercurios, jalapas e fumarias.
Sou velho, mas em tudo tão perfeito,
Que não conto, sequer, um só defeito!
Agora tu, matrona ajuizada,
Que pariste esta prenda delicada,
Consente no casorio desejado,
— Não faças do ‘velhote’ um desgraçado!
Notando a donzella,
Que o pêco farfante,
Vencido de amores,
Se fez um pedante;
A elle se chega,
Com ar seductor
Que os peitos encanta,
Que mata de amor;
Com gesto feminio
Que a mente nao trahe,
Sorrindo, lhe disse:
“A benção, papae!…”
Depois, prazenteira,
A face voltando,
Com garbo de fada
Se foi retirando!…
E como esta chalaça tão picante
O avô de Saturno, delirante,
Não ficou homem, não, mas mudo e quedo
Qual junto de um penedo outro penedo!
E, depois que sentiu-se cudilhado,
Pela porta tomou, muito enfiado.
Introdução ao Humanismo
O Humanismo é o período da história da Literatura portuguesa situado entre a Idade Média e a Idade Moderna, nele o ser humano procura se valorizar mais. O domínio da Igreja Católica é constítuido pelo Antropocentrismo, onde o homem está no centro de tudo. De modo geral destaca-se três aspectos no Humanismo; o teatro moralizante que critica a sociedade, Gil Vicente, a poesia palaciana, mais sensual e elaborada do que as cantigas do Trovadorismo, e também Fernão Lopes com as crônicas históricas com qualidade literária.
Referências:
Disponível em: https://pt.wikisource.org/wiki/O_Velho_Namorado
Disponível em: letrasnoensinomedio.blogspot.com/2011/05/o-velho-da-horta-adaptado.htm
Disponível em: https://pt.slideshare.net/mobile/TMQBarata/vida-e-obra-de-gil-vicente-14956032
Disponível em: http://palcomp3.com/rockinronald/amor…
Disponível em: http://www.resumodeliteratura.com