INOVAÇÃO NO ENSINO EM SERGIPE: O CAMPO DA EXPERIÊNCIA NAS ESCOLAS INOVADORAS

Autora

ELILIANE SANTOS FERREIRA

(Formada em Letras pela Universidade Federal de Sergipe)
elilianefer@hotmail.com

RESUMO

A educação brasileira há muito tempo sofre com a falta de um ensino de qualidade, a expansão das escolas inovadoras é vista como uma possível solução para essa situação. O objetivo desse trabalho é apresentar através do campo da experiência o que são as escolas inovadoras. Visando compreender de perto a atuação dessas escolas foram visitadas instituições de ensino na capital Aracaju em Sergipe, mais especificamente no Instituto Social Micael e na Escola Waldorf Jatai, as escolas possuem uma arquitetura e um planejamento diferenciado do comum. Elas possuem como base pedagógica a Pedagogia Waldorf (1979), criada por Rudolf Steiner e apresentada ao Brasil por Rudolf Lanz, assim como a Pedagogia da Autonomia (2016) do educador Paulo Freire, sendo elas teorias importantes para o ensino. Ambas as obras também foram utilizadas como suporte teórico para nossa pesquisa, do educador Paulo Freire. Mostraremos que as escolas inovadoras é um modelo eficaz, podendo realizar mudanças em um ensino fragilizado e tradicionalista.

Palavras-chave: Escolas inovadoras; Pedagogias; Ensino.

INTRODUÇÃO

Muito se tem refletido, recentemente, acerca da educação infantil no Brasil. Segundo a Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) o Brasil possui cerca de 13 milhões de analfabetos e não consegue reduzir esse número há três anos. Como forma se solucionar essa situação o governo em parceria com o MEC lança diversos programas e projetos como “mais educação”, “viajando na leitura” e o “reforço nas escolas”.

No entanto, são programas que em algumas escolas não causam o devido e esperado efeito. Segundo Guilhermina Garcia, coordenadora de projetos do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), em um artigo publicado pelo Centro de Referência em Educação Integral, diz que “O reforço escolar pode ser importante e bem feito, mas nem sempre é isso que as crianças precisam.”

Outra solução possível da mudança concreta e eficaz para essa realidade alarmante, uma ideia que se colocada em prática na maioria das escolas do país, poderá revolucionar a educação brasileira, sendo essa ideia as escolas inovadoras. Instituições que tiveram sua origem em Portugal na Escola da Ponte, em que fazia parte do corpo de ensino, José Pacheco, educador que anos mais tarde traz essa metodologia diferenciada para o Brasil, com a implantação do Projeto Ancora em Cótia- São Paulo.

O presente trabalho se debruçará em estudar através de teorias e observações essa forma revolucionaria no ensino, para uma melhor compreensão do seu funcionamento foram realizadas visitas ao Instituto Social Micael e a Escola Waldorf Jatai. Na tentativa de analisar como se dá na prática a implantação das metodologias do educador e escritor Paulo Freire, tendo como base seu livro Pedagogia da Autonomia e a obra de Rudolf Steiner a Pedagogia Waldorf traduzida e trazida para o Brasil por Rudolf Lanz. Teorias essas que também foram utilizadas como referencial para a pesquisa.

Ambas as pedagogias buscam o respeito ao tempo de cada um, focando na orientação e no acompanhamento dos alunos, tentando ajudar de maneira natural o seu crescimento e desenvolvimento. Dessa maneira, as práticas de uma educação voltada para o ser humano, atendendo suas necessidades, se tornam mais eficazes do que a prática de transferências de conteúdo.

Buscaremos ainda compreender e expor como a comunidade junto à escola atua para a construção de uma educação de melhor qualidade para seus alunos. Temos consciência de que nossa pesquisa tem um carácter precursor, visto que não foram encontrados trabalhos com tema semelhante.

AS ESCOLAS INOVADORAS

Quando se fala em escolas inovadoras vem à mente a ideia de uma escola comum pregando uma metodologia inovadora, isso de fato ocorre, mas o conceito vai além disso. De início é difícil acreditar no funcionamento de uma escola que não possua turmas definidas, sem salas de aula delimitadas e sem séries.

Nas escolas inovadoras, tudo isso é viável, possuindo assim um sistema que contrasta totalmente com o ensino tradicional. Em algumas delas não existem salas de aula e sim salões, não se encontra professores distantes dos alunos e sim educadores/monitores e tutores, que estão à disposição para auxiliar a criança ou adolescente no que for necessário. No caso dos alunos menores, as educadoras os acolhem e cuidam de sua rotina, como visto no Instituto Micael, uma das escolas visitadas. As escolas contam ainda com ambientes livres e naturais como, hortas, quintais, jardins e parquinhos, sempre com muitas árvores e plantas.

Essas instituições não exigem que o aluno seja alfabetizado em uma idade específica, mas sim quando ele conseguir e sentir-se preparado, ou ainda segundo a pedagogia Waldorf (1979) a partir do segundo setênio, sem nenhuma pressão. José Pacheco em uma entrevista publicada no site Carta Educação, interroga: “Quem é que nos diz que a idade certa é aos 8 anos? Não há uma idade certa.”

Embora dê liberdade, autonomia e segurança aos alunos, as escolas atuam segundo as leis de diretrizes e bases (LDB), legislação qual define o sistema de educação no Brasil, sendo público ou privado, ela reafirma o direito à educação desde as séries iniciais ao ensino superior. Sendo assim, as escolas inovadoras têm as mesmas funções e deveres que qualquer outra escola, em garantir a alfabetização e educação em seus diferentes níveis, apenas aplica metodologias diferenciadas durante esse processo, cumprindo com seus deveres.

Na busca de manter uma maior interação com a comunidade, as escolas abrem as portas e a secretaria para as mães, pais e responsáveis pelos alunos, aceitando assim opiniões e ajuda em geral, como a mão de obra em problemas com a estrutura, preparo dos lanches, entre outras atividades. Algumas instituições aceitam ainda a colaboração financeira para sua organização e funcionamento. A interação pais e escola proporciona um melhor convívio entre os pais e os alunos, além de perceberem o real objetivo das escolas e seu funcionamento.

Em relação a organização e funcionamento, cada aluno é responsável pelos seus materiais de estudo, sejam eles livros, lápis, canetas, computadores, cadernos etc. Nelas tudo é compartilhado, então tudo é de todo mundo e todo mundo é responsável pelo bem-estar e conservação de todos os matériais. A regra vale também para o lixo produzido individualmente e em conjunto, todos devem organizar e limpar seu lugar de trabalho e estudo. Assim, vai haver a conservação da escola e seus pertences e ainda o fortalecimento de seu senso de responsabilidade.

O objetivo das escolas, antes de preparar os alunos para o mercado de trabalho e a faculdade, é prepará-los para vida em sociedade, respeitando a si e a todos, com autonomia e liberdade para pensar e agir de maneira coerente com suas responsabilidades e pontos de vista.

METODOLOGIAS UTILIZADAS PELAS ESCOLAS INOVADORAS

As escolas inovadoras são fundamentadas na metodologia que se originou em Portugal na escola da Ponte, com José Pacheco, possuíam antes de 1976 um ensino tradicional. Com o fim da ditadura em Portugal, as escolas públicas estavam precárias e violentas. Percebendo a necessidade de mudanças a equipe da escola aceitou essa ideia de um ensino diferenciado que era baseado na Pedagogia da autonomia (2016) do escritor brasileiro Paulo Freire. Livro onde mostra caminhos e fornece orientações para a formação docente, buscando a construção de uma autonomia própria que instiga a criação da mesma em seus alunos.

Freire aponta que a autonomia é composta por diversas fases, e será alcançada através das práticas educativo-progressista. Uma das primeiras etapas em busca da autonomia é a ética, a qual é aplicada nas relações aluno-professor em sala de aula no seu convívio diário. Sendo que, para um sujeito ser ético é necessário que viva e pratique a ética em suas relações.

O pedagogo afirma que o professor deve possuir a certeza de que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para a sua produção e sua construção. Buscando ajudar ao aluno vencer o “bancarismo”, o fazendo sair do comodismo e induzindo sua transformação em um ser crítico e curioso através da “curiosidade epistemológica”. Que é o resultado do exercício crítico do aprender, buscando se opor ao senso comum, encontrado nos exercícios prontos.

O educador ao tornar-se crítico no “pensar certo”, ele deve buscar passar para seus alunos sua forma de viver segundo aquilo que fala, vivendo de maneira completamente harmoniosa. O ser ao se tornar ético deve ainda respeitar as diferenças sociais, culturais e raciais de cada indivíduo. Caso contrário, suas ações serão consideradas atos antiéticos e imorais, perdendo assim seu valor diante os alunos. É primordial que a autonomia e a identidade estejam presentes para se ter uma prática coerente.

Acerca dessa identidade, Freire em sua obra pedagogia da autonomia, apresenta a importância de sua preservação nas práticas educativo-progressistas e nas relações aluno-professor. É fundamental que o educador volte seu olhar para o contexto social, econômico e político em que os alunos vivem, adequando-se a sua realidade, passando conteúdos que buscam atender esse determinado problema, indo a procura de possíveis soluções, dessa maneira o ensino será dado de forma atrativa.

Além de buscar sempre respeitar o conhecimento de mundo que cada indivíduo carrega consigo, ainda mais caso seja fruto de suas experiências de vida, é necessário que o educador não repreenda ou negue as curiosidades do educando, caso esse comportamento seja realizado o professor estará se alto sabotando. Visto que na aquisição do conhecimento deve existir a troca de curiosidades, é buscando ouvir e atender o outro que se aprende e cresce.

Por fim, Freire aponta que para a realização de uma boa prática pedagógica é preciso o professor se entregar sem medo ao querer bem aos educandos de maneira por igual, embora deva ter ciência de todos os limites freando sempre que necessário seus sentimentos, não os deixando interferir ou atrapalhar em sua conduta ética e na prática ética de seu dever como professor. Essa abertura ao “querer bem” mostra a disponibilidade à alegria de viver. Concluindo assim, para o autor a ética, a crítica, a identidade, a curiosidade, o respeito e a liberdade devem andar de mãos dadas em rumo a construção da autonomia. Tornando o aluno independente ciente de seus deveres éticos, críticos e morais prontos, assim para uma vida harmônica em sociedade.

Será abordado, agora, uma outra pedagogia que embora pouco conhecida é muito usada, a qual é trabalhada em a cerca de 800 instituições ao redor do mundo, segundo o site Nova Escola. Trata-se da Pedagogia Waldorf, desenvolvida pelo filósofo, artista e educador, além de criador da antroposofia, Rudolf Steiner (1861-1925). Steiner usa como base para a criação da sua pedagogia princípios antroposóficos, onde existe a busca pelo conhecimento da natureza do ser humano, do universo e das relações entre os dois.

Segundo Steiner (1979) o desenvolvimento humano é dado através de ciclos, tendo duração de sete anos cada um, além da consciência da existência de três corpos que componham e complementa o corpo físico são o corpo etérico, astral e o “EU”. No primeiro setênio que equivale do nascimento até os sete anos de idade, durante esse ciclo a educação é dada através do exemplo e do ambiente. Seu princípio pedagógico educativo é a pratica da imitação, pois a partir desse momento que a criança imita algo e absolve inconscientemente aquele gesto para si.

Durante esse ciclo é necessário que os adultos que interagem e cuidam das crianças devem se policiar a respeito de sua forma de agir diante delas. Visto que elas irão assimilar tal comportamento. É necessário que se deva aplicar uma rotina para a criança, com horários definidos para realizar suas atividades cotidiana. Dessa forma ela passará a se sentir segura, tranquila e calma a respeito de suas obrigações diárias.

A partir do terceiro ano de vida o corpo etérico começa a se desprender do corpo físico, gerando assim as primeiras marcas de identidade, ela desse momento em diante falará por si própria quando quiser algo. Já nos sete anos o corpo etérico está completamente solto do físico, tendo como confirmação a substituição da dentição, o corpo começa a se alongar e os músculos a aparecerem. Sinais que comprovam que a criança está pronta para a alfabetização.

Partindo para o segundo setênio, período que vai dos sete aos quatorze, nessa fase o corpo astral assume o controle das emoções dos jovens. O princípio educativo pedagógico se concentra na autoridade de pais, educadores e responsáveis, mas não a autoridade imposta pelo medo ou arrogância e sim uma autoridade maleável e amável. Nessa fase as atividades artísticas e artesanais despertam nos jovens o sentimento de “Belo”, usando desse método o educador estará afastando seus alunos de pensamentos e influências negativas.

Assim como no primeiro setênio, onde a criança usa a imitação para se expor e aprender, no segundo, esse elemento é substituído pela musicalidade, sendo orientado que o corpo pode ser usado como instrumento de harmonia musical. Esse recurso é de extrema importância para o engajamento emocional, voltado para aquilo que está sendo trabalhado em sala de aula. Dessa forma os conteúdos serão absolvidos de maneira mais eficaz.

Já o terceiro setênio, ciclo que percorre dos quatorze aos vinte e um, o educador deve utilizar como princípio político pedagógico a liberdade do pensar e refletir, visto que segundo Steiner, é a partir desse momento onde o jovem tem o seu “EU” ativo e autônomo, almejando sempre a honestidade e a verdade. Durante esse ciclo a busca pela aceitação, compreensão e um ideal humano a seguir vem à tona, além da curiosidade. É necessário para o educador, através do exemplo, conquistar a admiração e o respeito desses jovens, fazendo com que aconteça um reconhecimento espontâneo de suas qualidades intelectuais e morais.

A pedagogia Waldorf busca a compreensão e o conhecimento do ser humano na sua totalidade física e espiritual, visando assim a preparação e o desenvolvimento do indivíduo para as relações sociais, com a consciência de que cada ser é único, possuidor de suas limitações, temperamentos e aspirações. O educador tem o papel fundamental e primordial para esse desenvolvimento, através de suas relações com os alunos e um convívio regado com muito carinho, amor, respeito, atenção e dedicação. O professor buscará sempre observar os limites e as individualidades, a fim de que esse processo seja dado de maneira natural, saudável, prazerosa, recompensadora para as crianças. Quais terá assim um crescimento físico e espiritual realizado de uma maneira que o respeita e o incentiva, de uma forma saudável, espontânea e livre.

A INOVAÇÃO NA PRATICA

 Exposto o que são escolas inovadoras e as pedagogias que utilizam, foram realizadas a partir desse ponto, as visitas focadas em instituições localizadas na capital Aracaju- SE, Instituto Social Micael e a Escola Waldorf Jatai. Até o dado momento, foi discorrido acerca do método desenvolvido por Freire e Steiner, conhecendo-os apenas teoricamente. A fim de conhecer pessoalmente o ensino inovador, foram realizadas visitas às escolas localizadas, ambas, na capital.

Infelizmente, não conseguimos realizar visitas de observação à nenhuma escola que tem como matriz metodológica a pedagogia Paulo Freiriana, visto que só foram localizadas no final das pesquisas com a ajuda do próprio José Pacheco, por meio de uma conversa à distância, Pacheco nos passou alguns endereços eletrônicos de instituições aqui em Sergipe, que trabalham com a pedagogia Freiriana.

A primeira instituição a ser visitada foi o Instituto Social Micael, uma escola voltada para a educação infantil, mais especificamente dos três aos seis anos de idade. E a segunda escola é a Escola Waldorf Jatai, atendendo crianças dos sete aos nove anos de idade. Ambas adotam a Pedagogia Waldorf e seus princípios antroposóficos.

INSTITUTO SOCIAL MICAEL

No Instituto as atividades têm início às sete da manhã e vão até ás onze e meia, mas em casos específicos, onde pais trabalham o dia inteiro, as crianças permanecem durante a tarde, embora as aulas que possuíam conteúdos pedagógicos sejam trabalhadas pela manhã.

As crianças chegam, ficam à vontade para se adaptar ao meio, fazendo um ritual de acolhimento e em seguida recebem a alimentação, momento em que as professoras incentivam as crianças a comerem e pegarem sua comida sozinhas, tendo a liberdade em escolher seus alimentos, que por sinal são ricos em vitaminas, minerais e proteínas. Além da preocupação com os que possuem alguma intolerância ou alergia a determinado alimento.

Após o lanche, as crianças realizam aulas diferenciadas onde se é estimulado o pensar, o sentir e o agir. Durante a visita estava sendo trabalhada a aula de arte culinária, onde os alunos sozinhos fabricaram e manipularam seus pães e os levaram para casa com o objetivo de comerem junto à família. Todo o processo foi envolvido por música, amor, alegria e carinho, as crianças não eram repreendidas em nenhum momento, seus pães tinham as formas que eles quisessem. Esse processo ajuda na ativação motora dos movimentos das mãos, dessa forma a criança terá mais flexibilidade, quando iniciar a alfabetização, para segurar o lápis.

Além da aula de arte culinária, o instituto oferece também aulas de jardinagem, escultura em argila, pintura em aquarela onde são trabalhados conteúdos que a criança conhece e vê, com o objetivo de prepará-las para a alfabetização, fugindo da imposição de grafismos e formas (letras) que ainda são desconhecidos. As educadoras estão sempre envolvidas e atentas na observação e auxílio para o que for necessário. Para adquirir essa sensibilidade e disponibilidade, elas passaram por uma formação pedagógica voltada para a pedagogia Waldorf oferecida pela instituição. Essa formação tem duração de 4 anos e é dividida em módulos.

Essa metodologia busca possibilitar o ser a adquirir uma unidade harmônica entre si próprio e o mundo. O objetivo da escola é transformar seres equilibrados e induzir a criança a confiar em si mesma, além de incentivar a capacidade de tomar decisões com responsabilidade, cultivar a força interior e a superar a visão materialista.

A respeito do envolvimento comunitário e interação dos pais na escola, as crianças seguem um roteiro, e cada dia uma delas é responsável por levar determinado alimento para o lanche, nessa situação os pais tem que tomar a frente dessa proposta. Além da contribuição financeira para o funcionamento da escola, constituindo assim um modelo associativo, onde os pais contribuem com as despesas, nesse espaço se tem, também, a participação em eventos e reuniões. Existe ainda um dia especial que a comunidade é convidada a entrar na escola e interagir, nomeado de “Dia de portas abertas”, onde são formados mutirões afim de atender à algo referente a escola, essa atividade ocorre em média três vezes ao ano.

No dia da visita, em um sábado, os pais foram para a escola e levaram seus filhos, e todo o corpo docente e funcionários da escola estava presente, inclusive a diretora. Assim todos juntos pintaram algumas paredes reservadas, de forma colorida e divertida, e a escola disponibilizou o material.

Todos ajudavam e todos cuidavam dos seus filhos e de outras crianças também, sendo semelhante a uma grande família e em seguida depois da primeira mão de tinta já seca, cada um dos pais tinha livre escolha em tornar um espaço único reservado para retratar seus filhos de alguma forma. Foi optado por uma das mães que as crianças fossem colocadas próximas à parede e que grafitassem suas silhuetas, depois as colorissem como preferir, todos concordaram e assim fizeram.

O objetivo dessa ação é apresentar aos pais como são trabalhados em sala de aula os conteúdos artísticos e como funciona o mecanismo da escola, visto que da mesma forma que o tamanho e a imagem de cada criança foi representada na pintura ela é tratada em particular no seu dia a dia. Recebendo, assim, por etapas, conteúdos que facilitam seu desenvolvimento e conhecimento, onde a criança recebe durante esse processo muito carinho sendo educada com sentimento.

Essa iniciativa, a partir da utilização da aquarela, representa uma organização do mundo dos sentimentos, visto que nem sempre a pintura sairá como planejado e deve procurar sempre melhorar ou mudar de figura, assim se dá a educação, nem sempre o que foi planejado conseguirá ser concretizado, mas que pode ser reorganizado. A partir do momento em que a criança tem essa noção do indeterminado vai adquirindo maleabilidade nos encontros e desencontros da vida, adquirindo outra forma de ver as dificuldades e obstáculos.

A respeito do cardápio, traz como objetivo a experimentação, geralmente as crianças não possui o habito e não gostam de comer frutas e verduras, as professoras na hora do lanche estão sempre incentivando e motivando a experimentação de coisas novas usando para isso diversas técnicas, mas sempre com amor e com carinho, respeitando os limites de aceitação das crianças.

Por fim, nas visitas ao Instituto Social Micael, percebemos a importância de uma educação que torne o indivíduo protagonista de seu aprendizado, desde a infância, acreditando que a mesma absolve tudo o que acontece ao seu redor. Vimos também o incentivo do espirito de sensibilidade e criatividade, segundo Lanz.

A permeabilidade da criança ao que se acha ao seu redor é um fato que todo educador deveria conhecer e levar em conta. A criança absorve inconscientemente não só o que existe ao seu redor sob o aspecto físico; o clima emotivo que a circunda, o caráter e os sentimentos das pessoas que a rodeiam, tudo isso penetra nela. (LANZ,1998, p.41).

Foi notado o impacto positivo causado nas crianças por esse método de ensino. Os alunos, desde a infância, são tratados como indivíduos capazes, são preparados para um futuro com mais possibilidades e oportunidades, refletindo e respeitando sua relação com o outro e com o mundo.

ESCOLA WALDORF JATAI

Partimos para o Jatai, escola onde possui três salas, até o dado momento da pesquisa, os planos futuros é que a escola se estenda. Atendendo crianças que estão saindo do jardim de infância e partindo para a alfabetização, as três turmas são equivalentes ao primeiro ano, segundo e terceiro ano do ensino fundamental menor. A alfabetização só é dada a partir do segundo ano com idade mínima de sete anos.

Sua rotina é semelhante a rotina do Instituto Micael, as crianças chegam as sete e saem às onze e meia. O rito de acolhimento, também citado acima, é realizado sempre com muita harmonia, calma e carinho. Segundo uma das professoras, quando as crianças chegam e passam por esse acolhimento, elas sentem naquele momento se está tudo bem com a criança, se ela pode dormir direito ou qualquer outro aspecto que a esteja incomodando. O ato de acolher é realizado sempre com muita música, elemento que vai está sempre presente em todos os momentos, desde o início ao término das aulas, na hora do lanche e em diversas atividades, como por exemplo, a professora toca a flauta para mostrar as crianças que o intervalo começou e toca novamente ao termino do intervalo para recolhê-los para a sala.

Essas salas que não tem cara de sala de aula, são um espaço reservado para agrupar as crianças das mesmas séries, na sala do primeiro ano ainda não se tem a presença do quadro, visto que essa etapa ainda se assemelha com o jardim de infância, trabalhando com atividades que se assemelham, como a arte culinária, aquarela, jardinagem e modelagem na argila. Na sala do primeiro ano há elementos voltados para a brincadeira, como bonecas de pano, joguinhos de madeira, entre outros objetos de palha. Já na sala do segundo ano e terceiro, podemos observar um quadro que se divide em três, onde se juntam no centro formando apenas um quadrado, na parte por fora as professoras ilustram uma história que será usada para simbolizar a transição de uma época para outra.

As épocas, maior diferença entre o jardim de infância e a educação infantil, que são etapas fragmentadas voltadas para um determinado objetivo de estudo e que tem a duração em torno de vinte dias, são voltadas para a apresentação e introdução das formas e dos números, constituindo assim a alfabetização, através de imagens apresentadas pelas professoras. As imagens das formas devem ser contornadas pelas crianças com os dedos, além de serem feitos rabiscos no chão onde as crianças devem pisar em torno daquela forma para só depois disso começar a copiá-las no quadro e desenha-las. Essas formas, geralmente nessa época, são retas e circulares e as professoras sempre as associam com coisas encontradas no mundo, pois possuem formatos de retas e círculos.

As formas são usadas para a alfabetização em português, já para matemática se é usado de início os números romanos, além de associar a imagem com a contagem dos elementos que se encontram no próprio corpo da crianças, na natureza e no ambiente, por exemplo, o número dois “quais as partes do nosso corpo que são duas?”. Dessa forma a criança aprende brincando e desenvolvendo sua curiosidade e interesse, visto que os conteúdos são dados de maneira natural, lógica e explicativa. Com o passar de uma série para outra, essas atividades passam a se tornar mais complexas, embora seja utilizado o mesmo método.

A partir do segundo ano, mesmo com a passagem para a alfabetização, as crianças ainda continuam com as aulas de jardinagem, modelagem na argila, culinária, aquarela e artesanato, embora essas aulas agora sejam mais com um carácter complementar. Nas aulas de artesanato, as crianças decoram seus cadernos e seus materiais em geral. Os materiais utilizados pela escola são retirados da natureza, como exemplo, o giz de cera e de quadro, quais são usados pelas crianças e professoras, são confeccionados da cera de abelha, possuindo um aroma semelhante a própria cera. Dessa forma as crianças podem perceber que tudo encontrado na natureza e no mundo pode ser aproveitado e transformado, sem precisar, necessariamente, usar materiais industrializados e prontos

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi exposto aqui uma nova forma educativa, sendo essa forma a adoção do método de ensino das escolas inovadoras, instituições que buscam através de um ensino diferenciado, divertido, dinâmico e interessante estimular a aprendizagem. Excluindo a ideia de que o aluno é um ser meramente passivo, além de abominar o sistema de avaliação, considerando que ele não mede o real conhecimento.

As escolas inovadoras trazem com seu ideário de liberdade, autonomia, amor e respeito pelo ser humano, buscando atender também suas necessidades emocionais, os preparando para uma vida em sociedade. Ao contrário da forma tradicional de ensino, que busca formar seres para o mercado de trabalho ou então para as faculdades e universidades, tornando muitas vezes seres atrofiados em relação à criatividade, ao oferecerem um ensino “enlatado”, que não prepara o indivíduo para exercer sua cidadania plena.

Essas instituições têm como suporte pedagógico as visões de grandes educadores e pensadores, que buscaram durante suas vidas criar métodos diferenciados e eficazes. Paulo Freire lançou uma coletânea que deixou inúmeros ensinamentos e visões que se pautam em práticas que revolucionaram o ensino.

A pedagogia da autonomia busca através de orientações teórico-metodológicas, mostrar a importância da ética humana, engajada com a crítica social em busca da curiosidade e questionamento a respeito de diversos temas encontrados no cotidiano. Freire traz a importância dessas atitudes para a construção da autonomia. O professor, tornando-se autônomo, transformará seus alunos em seres pensantes e autônomos através de suas relações.

Com um pensamento semelhante, Rudolf Steiner constitui sua pedagogia. Para ele também é necessário educar através do exemplo. Embora Steiner foque no ser humano em si e suas relações com o universo, buscando o equilíbrio entre os aspectos físicos, cósmicos e espirituais, dando completa e total prioridade ao desenvolvimento dos seres nessas áreas.

Os dois referenciais teóricos metodológicos, Freire e Steiner, afirmam que o indivíduo deve buscar o próprio conhecimento, sendo induzidos a se questionarem. Dessa maneira a educação será um processo de aquisição de sabedorias através das vivências e experiências, não do resultado de transferências de conhecimentos de uma mente para outras. Processo esse que torna o conhecimento sem sentido e facilmente esquecido.

Pudemos ver no campo da experiência, através de observações, a eficácia dessas metodologias em relação ao desempenho individual das crianças. Exemplo disso podemos citar as visitas, onde elas se mostraram curiosas, atentas, desinibidas, entusiasmadas, felizes com a certeza de que são amadas, respeitadas e livres para desenvolver sua autonomia e conhecimento. Dito isso, acreditamos que as escolas inovadoras são uma forma de experiência transformadora para a educação.

 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 

CARDOSO, C. José Pacheco: essa escola não serve – Disponível em:  http://www.cartaeducacao.com.br/entrevistas/esta-escola-nao-serve/: Acesso em 09/01/2018.

EMEF Desembargador Amorim Lima – Projeto político pedagógico – Disponível em: https://amorimlima.org.br/institucional/projeto-politico-pedagogico/: Acesso em 05/12/2017.

FONSECA, A. Disponível em: https://www.youtube.com/user/azevedodafonseca: Acesso em 23/12/2017.

FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: 54. ed. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 2016.

GONZAGA, A. Rudolf Steiner: o defensor da sensibilidade – Disponível em:

https://novaescola.org.br/conteudo/1900/rudolf-steiner-o-defensor-da-sensibilidade: Acesso em 15/01/2018.

GUIRRA, L. Canal futura apresenta escolas inovadoras no Brasil e no mundo – Disponível em: http://recantoadormecido.com.br/2016/08/29/canal-futura-apresenta-escolas-inovadoras-no-brasil-e-no-mundo/: Acesso em 20/11/2017.

G1 Educação. Brasil tem 13 milhões de analfabetos e não consegue redução há três anos, diz Unesco – Disponível em: https://g1.globo.com/educacao/noticia/brasil-tem-13-milhoes-de-analfabetos-e-nao-consegue-reducao-ha-tres-anos-diz-unesco.ghtml: Acesso em 19/02/2018.

LANZ, R. A pedagogia Waldorf: caminho para um ensino mais humano. – São Paulo: Summus, 1979.

MACHADO, R. Educação – Escolas Inovadoras – Disponível em: http://jornaldaqui.com.br/educacao-escolas-inovadoras/: Acesso em 09/01/2018

MARANGON, C. José Pacheco e a escola da Ponte – Disponível em: https://novaescola.org.br/conteudo/335/jose-pacheco-e-a-escola-da-ponte: Acesso em 20/11/2017.

MATUOKA, I.  Por que o Novo Mais Educação não dialoga com a educação integral – Disponível em: http://educacaointegral.org.br/reportagens/novo-mais-educacao-nao-dialoga-educacao-integral/: Acesso em 15/01/2018.

Representação da UNESCO no Brasil – Disponível em: http://www.unesco.org/new/pt/brasilia/about-this-office/unesco-resources-in-brazil/studies-and-evaluations/education/innovative-schools/

Sociedade Antroposofica – Rudolf Lanz. Disponível em: http://www.sab.org.br/portal/antroposofia2/biografias-de-destaque-no-brasil/99-rudolf-lanz: Acesso em 30/01/2018.

 

 

SEQUÊNCIA DIDÁTICA GÊNERO PUBLICIDADE DE FEIRA

                                       Autoras:

CAMILA RODRIGUES DOS SANTOS

GEOVANEIDE SANTOS DOS REIS

MÁRCIA RIBEIRO DOS SANTOS

RAQUEL NUNES REZENDE

 

APRESENTAÇÃO

A presente sequência didática foi solicitada como requisito avaliativo da disciplina Laboratório para o ensino de gêneros textuais, no curso de Letras- língua portuguesa, ministrada pela Prof.ª Dr.ª Márcia Regina Curado Pereira Mariano, na Universidade Federal de Sergipe, campus Prof. Alberto Carvalho, Itabaiana/Sergipe.

INTRODUÇÃO

A sequência didática trabalhará com o gênero publicidade de feira. O trabalho com as formas de publicidade de feira pode ser considerado mais familiar para o aluno das séries iniciais do Ensino Fundamental II, por isso receberá maior ênfase.

A elaboração desta sequência foi baseada no modelo apresentado por Cosson (2011), mas de forma adaptada, visto que o estudioso expõe um modelo de sequência didática para gêneros literários e o estudo dessa sequência será com um gênero discursivo. “A sequência básica do letramento literário na escola, conforme propomos aqui, é constituída por quatro passos: motivação, introdução, leitura e interpretação. ” (COSSON, 2011, p.51)

Antes de discorrer referente ao desenvolvimento das aulas, é necessário abordar o conceito do “pilar” dessa sequência, que são os gêneros. Para isso buscou-se o conceito apresentado por Bakthin (2003). Segundo o estudioso o gênero é relativamente estável, pode ser considerado um modelo. Os gêneros são modelos que existem, mas que podem mudar.

Exemplo: a aula.

A aula pode ter diversos gêneros dentro dela, como o seminário, a aula audiovisual, dentre outras.

Ainda, para Bakhtin, os gêneros estão inseridos em determinados campos. Os três elementos que o definem são: o conteúdo temático, o estilo e a construção composicional (2003, p.262). Lembrando que os gêneros são mutáveis, pois são estruturas relativas que podem mudar de acordo com a sociedade, idade, tempo, enunciatário, variação linguística, campo de atuação e também por conta do contexto. Eles são heterogêneos, pois existem variados tipos de gênero.

Dessa forma, Bakthin divide os gêneros em gêneros discursivos primários, que são os gêneros simples, voltados para oralidade, exemplo: diálogo, linguagem utilizada na feira, temas de assuntos simples do cotidiano. Esses não são mediados por nenhuma instituição. Tem-se também os gêneros discursivos secundários, estes são complexos, voltados para escrita, não tratando de questões cotidianas, em que são ensinados ou utilizados por instituições. (2003, p. 163)

Diante disso, é essencial o uso dos gêneros do discurso, para que saibamos compreender, responder dentro da nossa relação comunicativa, como também, reagir e moldar o discurso de acordo com o gênero específico para aquele momento.

Vale ressaltar que o gênero publicidade funciona como uma forma de comunicação, que ao transmitir informações, induz a outros comportamentos, como o de atingir o subconsciente do consumidor, influenciando na decisão de compra, cumprindo, assim, um papel de ativadora da economia através do aumento do consumo.

Além disso, destaca-se o uso da persuasão como um método de convencimento ao público alvo da publicidade. Percebe-se através da passagem abaixo:

A arte de persuadir tem uma relação necessária com a maneira pela qual os homens consentem naquilo que lhes é proposto e com as condições da coisa que se quer fazer crer. A maneira mais natural é a do entendimento, pois (…) persuadir consiste tanto em agradar quanto em convencer; de tal forma, os homens se governam mais pelo capricho do que pela razão. Assim, nunca pode ser posta em dúvida uma demonstração natural de persuasão em que foram observadas essas circunstâncias; e nunca poderão ter força as demonstrações em que faltem esses elementos. (PASCAL, 1658, p. 184-185 apud SÉNÉCHAL-MACHADO, 1997, p. 01)

Percebe-se que a publicidade é um gênero textual que se faz presente em diversos lugares e distintas formas, além de estarem ligados à ideologia, ao discurso oral, podem também ser apresentados através de um discurso escrito, como panfletos, cartazes, dentre outros.

Observou-se na ida à feira que esse gênero é marcado pelo uso da função apelativa, utilizando-se de trocadilhos, jogo de palavras, metáforas e ambiguidade para convencer o consumidor.

Sant’Anna (2005) afirma que a propaganda tem o objetivo de conduzir o consumidor pelos cinco níveis da comunicação: desconhecimento, conhecimento, compreensão, convicção e ação. O ciclo começa pelo nível mais baixo (desconhecimento) e passa pelos outros, até chegar ao nível final (ação). Um exemplo típico seria um produto novo no mercado: a propaganda serve de elo entre esse novo produto e o cliente, com o propósito de informá-lo inicialmente, até, por fim, convencê-lo a experimentar tal produto.

Diante do exposto, o gênero Publicidade de feira foi escolhido para elaboração da sequência didática, pois trata-se de um discurso mais voltado para o cotidiano e que nos possibilita trabalhar de forma criativa, divertida e lúdica com os alunos. Pode-se ter como exemplo a feira livre de Itabaiana.

De acordo com a reportagem de Navarro (2015) no site de notícias G1, a cidade de Itabaiana é considerada a “Capital do Caminhão”, por ter o maior percentual de caminhão por pessoa do país. No município existem indústrias de pequeno porte de calçados, bebidas, cerâmica, móveis, algodão, alumínio, de carrocerias de caminhões e implementos rodoviários, mas a feira livre se destaca no comércio e aquece a economia há mais de 100 anos.

A feira é realizada duas vezes na semana e atrai muita gente para a cidade. A feira de sábado começou em 1888 na Praça Fausto Cardoso e ficou por muito tempo sem ter um local fixo. Em 1928 mudou o endereço para o Largo Santo Antônio, onde continua até hoje. Com o crescimento, foi criado o Largo José do Prado Franco.

Comparando diretamente a mercadoria do sul do país, os produtos puderam ser vendidos a preço mais acessíveis. Além dos caminhões de feira, que transportam passageiros e mercadorias para outras cidades, também é comum na feira carroças de burro e carroças de mão, muito utilizados no transporte de mercadorias dentro da própria cidade.

Em seu artigo, Narravo (2015) ainda traz depoimentos de feirantes. “O movimento aumenta na cidade nos dias da feira e os comerciantes sabem atrair os clientes e faturar”, explica Milton Rocha que é diretor do Mercado de Hortifrutigranjeiros. É possível encontrar de frutas, verduras, carnes até redes, brinquedos, roupas, vassouras, artesanatos, CDs, sapatos e produtos de beleza. “Aqui tem de tudo um pouco”, garante o feirante Dionísio dos Santos.

Ao todo são 350 bancas que tomam várias ruas do Centro da cidade e que também querem tomar a fama de mais imponente feira do estado. “A propaganda é a alma do negócio. A gente repete em voz alta as ofertas para chamar a atenção da clientela. O pessoal do interior já tem costume de falar alto e isso ajuda a divulgar. A gente já nasce com esse dom de gritar”, diverte-se o feirante José Ailton que trabalha no ramo há quatro anos. (NAVARRO, 2015).

Diante disso, o gênero Publicidade de feira foi selecionado, pois além dos alunos apresentarem seu convívio semanal com a feira, poderão relatar, se tiver alguém da família que trabalhe na feira, sobre a linguagem utilizada por eles, os feirantes.

Após a introdução do conteúdo a ser trabalhado na sequência didática, na primeira aula, considerada por Cosson (2011), a da motivação, os alunos desfrutarão de vídeos que introduzem o tema de forma divertida e dinâmica, através de um gênero oral, a publicidade de feira. O segundo momento, aula 2, vai tratar sobre a feira livre, como também a elaboração de um questionário que será utilizado na aula de campo. Em seguida, ocorre o momento principal da sequência didática, a aula 3, que será a aplicação do questionário aos feirantes, na feira livre. Nessa aula, a turma se dividirá em dois grupos, estes que serão acompanhados por professores no decorrer da aula de campo na feira. Na aula 3 o objetivo é que os alunos observem a linguagem utilizada pelos feirantes, as estratégias para persuadir. Por fim, na última aula, a da interpretação, como tratada por Cosson (2011), momento este que é quando espera-se que o aluno infira sentido ao conteúdo trabalhado, almeja-se que o aluno estabeleça relação entre todos os momentos apresentados anteriormente, visto que, objetivaram corroborar com a compreensão do assunto, sendo este o momento no qual o aluno expõe aquilo que aprendeu, em que será uma atividade dinâmica.

OBJETIVO GERAL

  • Proporcionar o conhecimento do gênero publicidade de feira, voltado para a oralidade, incentivando e conscientizando os alunos sobre a importância do estudo dos gêneros e seu papel para o seu desenvolvimento e ampliação cultural.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

  • Discutir sobre a influência da publicidade no meio comercial, como forma de persuadir o consumidor a comprar;
  • Identificar a linguagem utilizada pelos feirantes, as estratégias utilizadas, como meio de persuadir os consumidores;
  • Proporcionar o conhecimento e a troca de ideias sobre a temática.

GÊNERO: Publicidade de feira

TÍTULO:  Publicidade de feira: o jeitinho de convencer o consumidor.

PÚBLICO ALVO: 6º ano ou 7º ano do Ensino Fundamental II

NÚMERO DE AULAS: 5 aulas de 50 minutos.

RECURSOS UTILIZADOS: Notebook, Datashow, caixa de som, barracas de feira, frutas, verduras, diversos produtos.

 DESENVOLVIMENTO DA SEQUÊNCIA DIDÁTICA

 1ª Aula (50 min):

O professor deverá introduzir a aula de forma bem descontraída, apresentando dois vídeos relacionados à feira livre, tanto de outra cidade, como do seu município local. Esses vídeos abordam a temática da feira livre, apresentando as estratégias linguísticas utilizadas pelos feirantes para atrair os consumidores. Após a exibição dos vídeos, o docente discorrerá acerca dos conceitos de gêneros, publicidade e persuasão, questionando-os se já ouviram falar desses conceitos.

Vídeos disponíveis em:

https://www.youtube.com/watch?v=CFlBNMrOdpk

Dando continuidade, o professor solicitará que os alunos relatem o que observaram nos vídeos. Espera-se que a partir da motivação inicial, a turma sinta-se à vontade de falar sobre suas experiências em idas à feira livre ou até mesmo relato de seus pais.

2ª Aula (50 min):

 A aula inicia-se com a introdução sobre o gênero específico para estudo, o gênero Publicidade de feira. Dessa forma, o/a professor(a) definirá o que são gêneros, em específico o gênero publicidade, em que está ligado ao meio comercial. Em seguida, o/a docente retoma a discussão sobre os vídeos a fim dos alunos elaborarem um questionário referente às estratégias linguísticas utilizadas pelos feirantes para persuadir o consumidor a ir até sua banca. O questionário será aplicado como forma de entrevista com os feirantes.

SUGESTÃO DE PERGUNTAS A SEREM FEITAS NA AULA DE CAMPO:

  • O uso de trocadilhos é uma forma eficaz de chamar a atenção do cliente?
  • Quais suas táticas para convencer e trazer o consumidor até a sua banca?
  • O que fazer para agradar o cliente?
  • E você como consumidor, quais suas táticas para conseguir o famoso “precinho”?
  • Relate uma experiência interessante, que marcou em você como feirante.
  • Tem familiares que trabalham na feira?

Assim que encerrarem a elaboração do questionário, o professor expõe as imagens da feira de Itabaiana ou da feira da cidade local.

IMAGENS DA FEIRA LIVRE DE ITABAIANA

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3ª Aula (50 min):  aula de campo 

É o momento em que se recomenda a participação de dois professores do colégio, o de Língua Portuguesa e de preferência um de Geografia, a fim de acompanhar a turma na aula de campo, que será feita na feira livre da cidade local.Dessa forma, os alunos utilizam o questionário produzido na aula anterior, que aplicarão aos feirantes e aos consumidores. Diante disso, espera-se que os alunos absorvam o conteúdo exposto em sala e aprendam de forma divertida e descontraída.

4ª Aula (50 min):

Neste momento inicia-se uma roda de conversa sobre suas experiências obtidas na aula de campo, observando o que foi colhido pelos alunos através da entrevista. Em seguida, a/o docente e os alunos fazem um levantamento sobre as estratégias persuasivas utilizadas pelos feirantes e consumidores.

A partir disso, o professor menciona o trabalho que a turma deverá elaborar como forma de avaliação. Solicita-se que os alunos se dividam em dois grupos, sendo que esses grupos deverão trazer produtos para serem comercializados em suas bancas no Projeto Feira na escola, visto que cada equipe deve levar a mesma quantidade de mercadoria, além deles mesmo definirem o preço. As equipes deverão utilizar-se dos artifícios absorvidos durante as aulas teóricas e na aula de campo, a fim de convencer a comunidade escolar e o público que fará parte desse projeto a comprarem seus produtos.

Ao final o professor informa que a regra é clara, a equipe que arrecadar o maior valor em espécie vencerá o projeto e não a equipe que vender mais produtos, visto que os produtos podem variar de preços de uma equipe para outra, de acordo com as estratégias que os alunos utilizarem para vender. E também será feita uma entrevista com professores e com a comunidade, referente à barraca que mais agradou, que utilizou estratégias convincentes para persuadir o consumidor e vender seu produto.

 5ª Aula (um turno):

Nesta aula será executado o projeto no pátio ou quadra da escola. As equipes montarão suas barracas com os produtos selecionados.

Após a execução do Projeto Feira na escola a/o docente irá expor qual foi a equipe vencedora, além de apresentar os resultados obtidos através de uma entrevista feita com professores e com a comunidade que visitaram o projeto, sobre a barraca que utilizou-se de argumentos convincentes para vender, as estratégias que mais agradou-os como consumidor.

Logo em seguida o professor da turma apresentará o propósito do projeto e qual a missão da equipe vencedora, esta que terá o privilégio de escolher uma instituição de caridade para ser doado o dinheiro arrecadado por ambas as equipes.

REFERÊNCIAS

 BAKHTIN. M. Estética da criação verbal. Trad. Maria Ermantina Galvão G. Pereira. São Paulo: Martins Fontes, 2003.

COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006b.

MACHADO, Ana Maria Lé Sénéchal, 1997.  O processo de persuasão e o comportamento de persuadir. Psicol. cienc. prof (nome da revista em itálico). vol.17 no.3 Brasília  1997.   Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1414-98931997000300005, acessado em 22 de agosto de 2018, às 08:59 horas.

SANT’ANNA, A. Propaganda: teoria, técnica e prática. 7.ed. São Paulo: Pioneira, 2005.

NAVARRO, Fredson. Feira livre de Itabaiana aquece economia do município. Disponível em: http://g1.globo.com/se/sergipe/noticia/2015/08/feira-livre-de-itabaiana-aquece-conomia-do-municipio.html, acessado em 08 de agosto de 2018, às 09:30 horas.

Reportagem sobre feira livre. Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=CFlBNMrOdpk, acessado em 08 de agosto de 2018, às 09:50 horas

O jeito itabaianense de negociar. Vídeo disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=7qorHCT9SUo, acessado em 08 de agosto de 2018, às 10:00 horas